Nicanor de Freitas Filho
Depois de trabalhar na Propasa, como Gerente de
Exportação de Cadernos (https://freitasnet.blogspot.com.br/2017/07/cuiaba-fui-e-voltei.html),
em 1994 fui trabalhar na OESP Gráfica, como Gerente Comercial. E era muito
ativo no meu trabalho, não só porque gostava do que fazia, como tinha lá alguns
conhecidos, da época da Cia. Melhoramentos, que aliás, foi um deles quem me
indicou ao Diretor que me contratou. Eu me integrei muito bem à Equipe e por
isso podia sempre opinar e solicitar algumas melhorias nos equipamentos e metodologias,
para atender meus clientes. Naquela época, estava muito bom o mercado de livros
Porta a Porta. E, graças a Deus, eu soube explorar muito bem esse mercado. É um
mercado essencialmente de livros de Capa Dura. A máquina de fazer Capa Dura da
OESP não era das melhores, assim solicitei que, se fosse possível, deveríamos
trocá-la. Minha sugestão foi defendida pelos Gerentes de Produção e de PCP,
pois eles sabiam a dificuldade que tinham na produção desse tipo de livro.
Assim, nosso Diretor foi ao mercado, pois as máquinas
novas da Kolbus eram realmente muito caras.
Ele encontrou uma empresa em Leeds, na Inglaterra, que se propunha a
encontrar a máquina, reformá-la e vende-la à OESP. Passados uns 15 dias a
empresa – não me lembro o nome dela – informou que encontrou a máquina que
queríamos e estava em muito bom estado e precisava apenas de ajustes, pintura e
maquiagem. Até estiveram nos visitando, antes de fechar o negócio (veja outro
causo: http://freitasnet.blogspot.com/2011/07/causo-16-na-redacao-do-estadao.html
). Assim, nosso Diretor queria que o Gerente
de Produção fosse lá para ver a máquina, antes de fechar o negócio. Como ele
não falava nada de Inglês, eu fui escalado para ir junto com o Gerente de
Produção e o Chefe da Manutenção, que era quem realmente entendia de máquinas.
Fizemos um voo até Londres, de lá fomos para Leeds, no
Aeroporto de Bradford, onde nos esperava a secretária do dono da Reparadora de
máquinas. Fomos até à Oficina de Reparos e após o almoço, fomos conhecer a
máquina Kolbus de Capa Dura, numa Gráfica que estava comprando uma muito maior
e por isso estava disponibilizando a antiga para comercialização.
Lá na Gráfica, o Chefe da Manutenção, abriu sua caixa de
ferramentas, foi para debaixo da máquina checando as partes mais importantes,
para ver o seu funcionamento. Enquanto isto, fiquei conversando com o Gerente
da Gráfica, pedindo mais explicações, de porque estavam vendendo a
máquina, e pedi para ver os produtos
fabricados nela. Ele me levou a uma sala e me mostrou, principalmente
Dicionários, feitos na máquina. Quando voltamos à Gráfica, eu me encostei na
máquina, enquanto o nosso funcionário e o Gerente de Produção trocavam ideias,
e eu puxei a capa de lona que protege a parte da aplicação de cola quente, e
deparei-me com um bonito livro de Capa Dura. O Gerente me explicou que aquele
foi o último livro produzido naquela máquina que já estava parada por mais de
seis meses. Perguntei se podia ficar com o livro, ele disse que sim e ainda
brincou, que seu eu gostasse de culinária, era um livro de receitas escolhidas
só por gente “muito famosa”! Frisou bem o muito famosa! O título é “Recipes for
Life”. Eu trouxe o livro comigo e após dar aquela olhada de gráfico, que lê só
as orelhas, contracapa e dá uma passada de olhos na matéria, fiquei
impressionado, pois tinha receitas da Lady Di, Príncipes, Princesas, artistas
famosos como Elizabeth Taylor, Anthony Hopkins, Brooke Shields, esportistas
como Jackie Stewart, Chris Evert, políticos como George Bush, Ronald Reagan,
Margareth Tatcher, Tony Blair e até o Mr. Bean, que dá uma receita que a cara
dele: “cozinha o feijão, amassa bem para formar uma pasta e passa em
duas fatias de pão torrado...” (não é a cara
dele?). Então coloquei-o na minha estante principal no escritório, para que
todos o vissem.
Um dia foi lá nos visitar um Gerente de uma Editora e
outras duas pessoas, clientes da Editora, que tinham encomendado a impressão de
um livro para uma Seguradora presentear seus clientes. Como era um livro que
foi editado em três línguas, com muitas fotos do Barroco Brasileiro, eles
queriam acompanhar a impressão. Uma dessas pessoas, não sei se da Editora ou da
Seguradora, viu o livro e ficou impressionado. Disse que conhecia o livro que
teve uma edição limitada por uma ONG escocesa e que conhecia colecionadores que
pagariam até trezentos dólares pelo livro. Perguntou se eu queria vender e até
insistiu comigo. Mas pela minha posição na empresa, pelo relacionamento
profissional daquele momento, nem pensei e disse que não. Curiosamente ele ainda me ligou do Rio de
Janeiro para dizer que falou com a pessoa que tinha interesse e que pagaria sim
os trezentos dólares. E eu repeti que não tinha interesse. Guardei esse livro
sempre com um carinho especial, até porque valia trezentos dólares...
Um dia desses, um amigo me ligou para saber como
conseguiria um livro de poesias de Paul McCartney, impresso na Inglaterra já há
algum tempo. Eu entrei nestes sites de sebo internacional e encontrei o livro
que meu amigo queria e também o “Recipes
for Life”, por trinta e um dólares. Veja a grana que eu perdi... Ou os
colaboradores famosos perderam a fama ou as receitas são todas iguais a do Mr.
Bean...
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