sexta-feira, 13 de abril de 2012

Causo 42 Banho inesperado...

Nicanor de Freitas Filho

Quando vim para São Paulo, em 1964, fui morar numa pensão na Rua Butantã, depois mudei para a casa de meus primos, voltei a morar noutra pensão e finalmente, até me casar, aluguei um apartamento no “treme-treme” – como era chamado -  o Edifício Monções, que fica em frente à Câmara Municipal. Já me referi ao apartamento no causo nº 33, do “Cobra do Violão”. Minha intenção era morar sozinho, mas meu chefe pediu para ficarem comigo o irmão dele e outro amigo, pois ambos tinham deixado de ser padres e estavam vindo para São Paulo. Tinha um quarto só, então compramos um beliche onde eles dormiam. Para mim foi ótimo, porque repartíamos as despesas e pudemos até contratar uma empregada, que cozinhava, lavava, passava e arrumava tudo para nós.
Em seguida, um deles casou e veio para seu lugar um namorado de uma prima, mas que também é mineiro e dava tudo certo. Aliás, houve depois várias mudanças de hóspedes, pelo menos até eu me casar, tendo comprado um outro beliche, porque meu irmão veio morar em São Paulo também. Éramos em quatro.  Três de nós, fazíamos Faculdade e portanto chegávamos tarde em casa. Cada um que chegava, trazia uma coisa. Ora leite, ora pãezinhos quentes, ora doces ou frutas, sucos etc.. Tinha dia que a “ceia” era variada, mas tinha dia que todos tinham a mesma ideia e só tinha uma coisa.  Por exemplo, teve um dia que todos compramos bananas. Não tinha outra coisa.
No meio da sala tínhamos uma mesa de fórmica com 4 cadeiras, ao redor da qual sentávamos para contar o que nos tinha acontecido, naquele dia.
Esse amigo do meu chefe tinha se empregado numa empresa que administrava Clubes Sociais, sendo o principal deles, o Tortuga do Guarujá. Nesta altura ele já era Assessor do Presidente da empresa. No dia seguinte teria uma grande festa no clube e ele precisava ir muito bem vestido, mas não era necessária a gravata, pois afinal era um Clube na praia.  Como era mês de junho e já estava frio, sugerimos e ele foi comprar uma calça cinza, uma blusa vermelha, de gola “rolê” e um blazer azul-marinho. Na época era tudo que tinha de chique-esportivo.
Quando eu cheguei em casa, trazendo um litro de leite, por volta das 23:30 h ele estava mostrando as roupas para meu irmão. Começaram a rir de mim, porque ele tinha subido com um litro de leite e meu irmão também. Rimos muito e então insistimos com ele, para vestir a roupa, para ver se aprovávamos o “rico” traje, que ele usaria na manhã seguinte. Ele vestiu a roupa nova e sentamos em volta da mesa para conversar e tomar nosso leite. Ainda faltava um colega, o namorado da minha prima.
Quando ele entrou, começamos a rir, porque ele também havia trazido um litro de leite, que vinha naquelas embalagens “novas”, em caixinhas, em forma de pirâmide. Quando ele viu os outros 3 litros de leite, ele jogou o dele sobre a mesa, como que lamentando. Acontece que a embalagem abriu e todo o litro de leite foi parar na roupa nova do nosso colega, que também usava óculos e me lembro perfeitamente o leite escorrendo nas lentes dos óculos dele e a roupa nova – que deveria usar no dia seguinte –  branquinha de leite. Ah! Ah! Ah! Ah! Foi muito engraçado, como todo mal feito!
Ficamos até às três da manhã lavando e enxugando, a ferro, a roupa dele...

6 comentários:

  1. Freitas
    Este teu causo me lembrou um que vivemos juntos quando éramos "sócios" no mercado internacional da Melhoramentos. Feira de Stationary em NY, Pensilvania Hotel, em frente à Pen Station, 4 num quarto (eu, você, Sérgio e Machado), 2 camas de solteiro, um pequeno sofá e um colchonete, e uma semana inteira em que todas as noites disputávamos no "LIER POKER" quem dormiria nas camas, no sofá ou no colchonete. Como era um jogo de blefe, e não sabíamos blefar, sempre nos cabiam as piores alternativas. Assim mesmo, belos tempos!José Carlos - 14/04/12

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    1. Já estou providenciando o Causo Lier Poker. Pode aguardar...
      Muito obrigado pela visita ao blog.
      Abraços Nicanor

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  2. Clarisse Stiti de Paula1 de maio de 2012 às 22:01

    Engraçado, esse cara que "jogou" a caixinha de leite me é muito familiar! Já ouvi esse causo antes!

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  3. Padrinho, li e ri sozinha aqui. O irmão que morava contigo era o meu pai, não é?
    Beijos! Renata Zanini de Freitas

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  4. Isso mesmo Renata! Era o seu pai. Os outros dois você não conheceu.
    Clarisse, "esse cara" que jogou o leite é o seu pai também...

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Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho