domingo, 29 de abril de 2012

Causo 44 Lier Poker


Nicanor de Freitas Filho
            Quando foi formado o Consórcio de Exportação de Cadernos, denominado Protime, ao qual já me referi várias vezes, aqui no Blog, participamos 3 anos seguidos da Feira Internacional “Back-to-school” em Nova Yorque. Esta feira anual era realizada sempre no Colliseum, ao lado do Central Park e a partir de 1986 passou para o Jacob Javits Convention Center, lá na 11ª Avenue, perto da Rua 34. Com isso tivemos que procurar novos hotéis mais na redondeza, pois sempre ficávamos perto do Central Park e da Rua 58, pertinho do Colliseum.
            Em 1986, a primeira vez que participamos, íamos apenas em dois para a Feira. E fizemos a reserva de 1 quarto no Pensilvania Hotel, que fica quase em frente a Penn Station, na 7ª Avenue com rua 33. Mas como era importante para a concretização do Consórcio, acabamos indo em 4 colegas, sendo 1 da Propasa, 1 da Tilibra e 2 da Melhoramentos.  Como não previmos que ia lotar os hotéis, fomos, assim, meio sem compromisso, com mais dois colegas. Lá chegando, pedimos mais um quarto para os outros dois colegas, mas o hotel estava lotado. Assim, depois de muita conversa, conseguimos ficar os 4 no mesmo quarto, sendo que tinha um bom sofá-cama no quarto e eles se comprometeram colocar uma cama de armar, daquelas dobráveis. Como o quarto era grande e bom e todos amigos, ficamos sem problemas, apesar do ronco infernal de um deles (aquele colega do causo 18 Meu cachimbo inglês).
            Durante a arrumação do estande na feira, enquanto aguardávamos a montagem, que tinha que ser feita, necessariamente, pelos operários sindicalizados, nosso representante em Nova Yorque, nos ensinou uma brincadeira, na verdade um “jogo”, que ele chamava de “lier-poker” e consistia do seguinte: cada jogador pegava uma nota de 1 dólar, que contém 8 números de série, e, no par ou impar, um começava dizendo que entre todas as notas de todos os jogadores, devia conter “tantos” números “tal”. Por exemplo, 5 números zero. O jogador seguinte, à direita, tinha que aumentar a quantidade de números, ou passar para um número maior, o que geralmente, chegava até ao número 9 até um dos jogadores aumentar ou dizer “I don´t  believe”. Então contava-se quantos números tinham. Se tivesse menos que o afirmado, ele deveria pagar 1 dólar a cada participante. Porém se tivesse a quantidade dita ou mais, ele pegava a nota de 1 dólar de cada participante. Passávamos horas jogando o “lier-poker”.
            Quando chegamos à noite ao Pensilvania Hotel, encontramos o sofá-cama bem arrumado, bem como uma cama dobrável, também bem arruada. Mas é o conforto? Claro que as duas camas fixas eram muito melhores. Assim resolvemos disputar as camas no “lier-poker”. Só que fizemos uma tabelinha e quem primeiro perdesse 10 rodadas ficava com a cama dobrável, o seguinte ficava com o sofá e os dois “cobras” na mentira, ficavam com as camas fixas e confortáveis.
            Acho que não dormi nenhuma vez nas tais camas confortáveis. Só me sobrava a cama dobrável e acredito que uma vez fiquei no sofá. Ah! Se o jogo fosse “tênis-de-mesa...”

Um comentário:

  1. Freitas:
    Bons tempos aqueles em que atuamos como verdadeiros desbravadores do mercado internacional. Quase nenhum conforto; pouca credibilidade nos produtos brasileiros; muita ousadia e persistência; perdemos algumas batalhas, mas ganhamos a guerra. Acho que podemos orgulhar-nos de havermos feito parte dos pioneiros da globalização, embora já quase ninguém se lembre disso. Enquanto esperamos reconhecimento, vamos para mais uma rodada de "Lier Poker"? José Carlos - 30/04/12

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Nicanor de Freitas Filho