Nicanor de Freitas Filho
Quando
foi formado o Consórcio de Exportação de Cadernos, denominado Protime, ao qual
já me referi várias vezes, aqui no Blog, participamos 3 anos seguidos da Feira
Internacional “Back-to-school” em Nova Yorque. Esta feira anual era realizada
sempre no Colliseum, ao lado do Central Park e a partir de 1986 passou para o
Jacob Javits Convention Center, lá na 11ª Avenue, perto da Rua 34. Com isso
tivemos que procurar novos hotéis mais na redondeza, pois sempre ficávamos
perto do Central Park e da Rua 58, pertinho do Colliseum.
Em 1986,
a primeira vez que participamos, íamos apenas em dois para a Feira. E fizemos a
reserva de 1 quarto no Pensilvania Hotel, que fica quase em frente a Penn
Station, na 7ª Avenue com rua 33. Mas como era importante para a concretização
do Consórcio, acabamos indo em 4 colegas, sendo 1 da Propasa, 1 da Tilibra e 2
da Melhoramentos. Como não previmos que
ia lotar os hotéis, fomos, assim, meio sem compromisso, com mais dois colegas.
Lá chegando, pedimos mais um quarto para os outros dois colegas, mas o hotel
estava lotado. Assim, depois de muita conversa, conseguimos ficar os 4 no mesmo
quarto, sendo que tinha um bom sofá-cama no quarto e eles se comprometeram
colocar uma cama de armar, daquelas dobráveis. Como o quarto era grande e bom e
todos amigos, ficamos sem problemas, apesar do ronco infernal de um deles
(aquele colega do causo 18 Meu cachimbo inglês).
Durante
a arrumação do estande na feira, enquanto aguardávamos a montagem, que tinha
que ser feita, necessariamente, pelos operários sindicalizados, nosso
representante em Nova Yorque, nos ensinou uma brincadeira, na verdade um
“jogo”, que ele chamava de “lier-poker” e consistia do seguinte: cada jogador
pegava uma nota de 1 dólar, que contém 8 números de série, e, no par ou impar,
um começava dizendo que entre todas as notas de todos os jogadores, devia
conter “tantos” números “tal”. Por exemplo, 5 números zero. O jogador seguinte,
à direita, tinha que aumentar a quantidade de números, ou passar para um número
maior, o que geralmente, chegava até ao número 9 até um dos jogadores aumentar
ou dizer “I don´t believe”. Então
contava-se quantos números tinham. Se tivesse menos que o afirmado, ele deveria
pagar 1 dólar a cada participante. Porém se tivesse a quantidade dita ou mais,
ele pegava a nota de 1 dólar de cada participante. Passávamos horas jogando o
“lier-poker”.
Quando
chegamos à noite ao Pensilvania Hotel, encontramos o sofá-cama bem arrumado,
bem como uma cama dobrável, também bem arruada. Mas é o conforto? Claro que as
duas camas fixas eram muito melhores. Assim resolvemos disputar as camas no
“lier-poker”. Só que fizemos uma tabelinha e quem primeiro perdesse 10 rodadas
ficava com a cama dobrável, o seguinte ficava com o sofá e os dois “cobras” na
mentira, ficavam com as camas fixas e confortáveis.
Acho que
não dormi nenhuma vez nas tais camas confortáveis. Só me sobrava a cama dobrável
e acredito que uma vez fiquei no sofá. Ah! Se o jogo fosse “tênis-de-mesa...”
Freitas:
ResponderExcluirBons tempos aqueles em que atuamos como verdadeiros desbravadores do mercado internacional. Quase nenhum conforto; pouca credibilidade nos produtos brasileiros; muita ousadia e persistência; perdemos algumas batalhas, mas ganhamos a guerra. Acho que podemos orgulhar-nos de havermos feito parte dos pioneiros da globalização, embora já quase ninguém se lembre disso. Enquanto esperamos reconhecimento, vamos para mais uma rodada de "Lier Poker"? José Carlos - 30/04/12