quinta-feira, 19 de abril de 2012

Causo 43 Faculdade de Economia São Luis

Nicanor de Freitas Filho
Recebi estes dias um depoimento, sobre nossos tempos de estudantes, de um colega e bom amigo da Faculdade de Economia São Luis e então lembrei-me da primeira vez que li o nome “Faculdade de Economia São Luis”.
Como sabem, vim para São Paulo, em 1964, para trabalhar na Cooperativa Agrícola de Cotia e fazer cursinho para prestar vestibular para Agronomia. Meu sonho era me formar agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz.
Numa determinada época, ainda em 1964, fui morar na casa de um primo, na esquina da Rua Frei Caneca com Rua Paim, na Bela Vista. Para trabalhar, eu ia a pé até à Rua da Consolação, tomava o bonde que subia a Consolação, pegava um pedaço da Av. Dr. Arnaldo e descia a Rua Teodoro Sampaio, paralela à Rua Cardeal Arcoverde, onde ficava a Cooperativa, quase no Largo da Batata. A volta era feita pelas mesmas ruas. O problema era que, se algum dos bondes tivesse qualquer problema, parava tudo! E isto era meio frequente de acontecer. Quando acontecia na volta para casa, geralmente era ali perto do Cine Belas Artes, na esquina da Av. Paulista com a Rua da Consolação. Neste caso, era mais fácil atravessar os três quarteirões da Av. Paulista e chegar até à Rua Augusta, por onde desciam os Tróleibus. Muitas vezes, quando ainda era cedo, eu descia a pé mesmo, pois era muito divertido descer a Rua Augusta naquele tempo, com os “play-boys” nos seus carrões importados e aquela quantidade de mulher bonita!
Eu tinha sido aconselhado, por um professor do cursinho, para mudar de ideia de fazer Agronomia, pois estava muito fraco em Biologia, Física e Química, que eram matérias eliminatórias no vestibular de Agronomia. Pelos meus conhecimentos apresentados nas provas do cursinho, e pela falta de dinheiro da minha família, para me sustentar numa Faculdade de tempo integral, ele me aconselhou a fazer Economia. Economia?! O que é isto?! Ele me explicou que era uma profissão nova, que tinha sido regulamentada há poucos anos, mas muito promissora. Era a profissão do futuro! Eu fiquei numa dúvida cruel, pois meu sonho era Agronomia e não Economia.
Num dia desses, enquanto estava naquele estado de “não sei o que fazer”, na volta da Cooperativa para casa, houve uma pane nos bondes e eu desci ali na esquina da Av. Paulista com Rua da Consolação e vinha pensando em descer a Rua Augusta para ver as meninas. Ainda estava claro, eu vim caminhando pela Av. Paulista e quando atravessei a Rua Bela Cintra, vi aquela bonita igreja e na continuação um jardim na frente de um prédio portentoso, com um portão enorme, no meio do quarteirão entre a Rua Bela Cintra e Rua Haddock Lobo. No lado esquerdo do portão, de quem está na avenida, uma placa de bronze, bem lustrada, com a inscrição: “Faculdade de Economia São Luis”. Eu olhei aquele bonito prédio e pensei, se a Faculdade de Economia é assim tão bonita, acho que posso mesmo tentar o vestibular, conforme conselho do meu amigo-professor. Mas como vou passar, se não estou estudando as matérias principais do vestibular de Economia: Geografia e História? Seria muito difícil! Mas o prédio, o portão e a placa de bronze me chamaram a atenção!
Meu amigo-professor – a quem devo muito – me “arranjou” um emprego de meio período, no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, para eu poder estudar as tais matérias e três meses depois eu fazia vestibular na USP, na PUC e na São Luis. Bombei na USP, fiquei na lista de espera na PUC e passei na São Luis, onde fiz o curso de Economia, que muito me ajudou na vida profissional. Sempre que entrava na Faculdade, pela Av. Paulista (tinha entrada também pela Rua Haddock Lobo), via aquela placa bonita no portão e me lembrava do que me ajudou a tomar a decisão de ser Economista em vez de Agrônomo.



Um comentário:

  1. Freitas:
    É isso mesmo! Pequenos detalhes definem nossas posturas de vida. Nesse seu causo, a atenção a um bom conselho, agregado à visão imponente do edifício da Faculdade decidiram a sua vida profissional. Estímulos da razão e do belo.
    Abraço. José Carlos -20/04/12

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Nicanor de Freitas Filho