João Batista de Freitas
A
maratona é a corrida mais famosa, mais conhecida e mais realizada no mundo
desde as Olimpíadas de 1896. São mais de 500 disputas anuais em todo o globo, como
lembrança histórica ao fato em que o general grego Milcíades, em 490 a.C. ordenou
ao atleta Feidípedes que corresse até Atenas, situada a cerca de 40 km
dali, para levar a notícia da Vitória na guerra realizada na planície de
Marathonas.
Mas
para mim há outra corrida mais famosa, mais importante e mais histórica. Esta
eu presenciei – pelo menos em parte – e vivi a sua conclusão. Eu era ainda
criança, morávamos em uma casa simples na Rua Perdizes, número 136, em Araxá,
Minas Gerais. Meus pais, meus irmãos, minha irmã Concheta e eu. Mamãe sofria do
coração, tinha um problema na válvula mitral que acabou matando-a em 1971,
doença que teve origem em uma infecção sofrida por ela antes mesmo de eu
nascer.
Mas
vamos ao fato. Meus irmãos Daniel e Luiz estavam pintando nossa casa, sob a
supervisão de nosso pai e, talvez por causa do forte cheiro da tinta, mamãe
começou a passar mal e desmaiou. Não tínhamos telefone em casa, artigo
tecnológico pouco acessível para aquela época, meados dos anos 60, ainda mais
para uma família pobre numa pequena cidade do interior mineiro.
Enquanto
discutíamos o que fazer – usar o telefone de um vizinho ou pedir um vizinho que
a conduzisse de carro – Daniel, descalço e com a roupa toda suja de tinta, saiu
em desabalada carreira rua abaixo. Todos sabíamos que o seu destino era o
Hospital Dom Bosco, único municipal em Araxá, pois não tínhamos recursos para
atendimento médico particular. Em menos de 10 minutos – pasmem – Daniel voltou
dentro da ambulância do hospital. Mamãe foi socorrida e tudo correu bem. No dia
seguinte ela já estava novamente em nosso convívio.
Calculo
que de nossa casa até o hospital tenha pouco mais de dois quilômetros, ou seja,
bem menos do que os 40.195 metros percorridos por Feidípedes, mas para mim esta
foi uma corrida muito mais heroica e emocionante.
Até
hoje Daniel é uma espécie de herói para toda a família; sempre pronto a ajudar,
lembrando de tudo e de todos, uma espécie de “segundo pai” para todos os
irmãos, filhos, sobrinhos, netos etc. Mês passado ele completou 65 anos e eu
nem liguei para cumprimentá-lo. Então fica aqui esta simples homenagem a este
nosso herói caseiro.
Que bonita essa lembrança e homenagem, tio. Sempre me senti protegida por esse herói...
ResponderExcluirVcs todos são Heróis
ExcluirAbraços
Priscilla, só você??? Muita gente se sente protegida por esse grande Guerreiro!!
ExcluirLúcia,(só pode ser você) muito obrigado pela consideração!
ExcluirFreitas
ResponderExcluirFelizes as famílias que têm um herói comum para cultuar, pois elas sempre serão protegidas por sua aura. Abraço. José Carlos
Zé Carlos, é a pura verdade! Muito obrigado pela sua consideração!
ExcluirLi emocionado a maratona do João. È por essa e outras que sempre confessei minha admiração, meu respeito e meu amor por todos os filhos da Da. Edith. José Pedro de Freitas
ResponderExcluirZé Pedro, você sabe que a admiração é recíproca. Também admiramos todos vocês, pois passamos por muitas coisas bem parecidas!! Muito obrigado pela consideração!
ExcluirNicanor de fato sua mãe foi um grande exemplo, uma grande lutadora. Muito querida por todos nós. Vendo hoje todos vocês vencendo, vemos o resultado de sua luta.
ResponderExcluirÉ pena que não está compartilhando conosco, mas do alto com Deus vê tudo e nos protege.
Abraços Susana.
Suzana, você como amiga e "vizinha" de todas as horas, não podia ter dito nada mais comovente e verdadeiro. Muito obrigado pelo comentário e por nos emocionar!
ExcluirO João, por ser o mais novo, não teve oportunidade de vivenciar os exemplos que sempre tive dos 3 mais velhos, sem desmerecer absolutamente os que depois vim a receber também dos 2 mais novos. Abração a todos os seguidores do blog do Nica. Daniel de Freitas
ResponderExcluirDaniel, o que importa é que cada um de nós tem pelos outros irmãos os mesmos sentimentos fraternais. Acredito que Dona Edith deve se orgulhar muito desse nosso sentimento, como disse a Suzana. Pena realmente é que ela não esteja conosco para podermos retribuir um pouquinho do que nos passou!
ExcluirMuito obrigado pelo comentário e parabéns por ser como você é!
Abração Nicanor
Gostei muito, principalmente pelo "heroi" dos filhos, sobrinhos e netos.
ResponderExcluirAbraços Vânia
Pois é Tia Vânia, todos nós agimos sempre da forma que a Dona Edith nos ensinou! E, graças a Deus, nossos cônjuges, sempre nos acompanham e às vezes passam na nossa frente! Muito obrigado pelo comentário!
ExcluirEssas simples homenagem é muito pouco por tudo que ele fez e faz por todos da família. Não é só um exemplo de irmão, mas de ser humano, fonte de virtudes que hoje, infelizmente, pouco se cultua em nossa sociedade. Abraços, manos!!
ResponderExcluirQuerido Freitas, gostei muito do texto. Torço para que você continue a contar a sua linda história de vida neste blog.
ResponderExcluirAbraços!