sábado, 19 de novembro de 2011

Causo 37 Matei o Morcego!


Nicanor de Freitas Filho
Do longo caso de coincidências que contei, sobre uma viagem de negócios que fiz em 1982, tem continuação. Era uma viagem por vários países, e, por causa da Guerra das Malvinas, tive que pular a Argentina. Com isto antecipei em dois as agendas e os vôos para os demais países. Tive então, que ir “remarcando” datas, bem como todos os vôos. Quando cheguei em Porto Rico, penúltimo destino do planejamento, ocorreram coisas que acho que só comigo acontecem!
            Tinha reserva para o Hotel Hilton de San Juan. Mas cheguei com dois dias de antecedência. Não tinha vaga no Hotel. Estava totalmente lotado! A recepcionista disse-me: “ –  pode vir depois de amanhã que sua vaga está aqui devidamente registrada.” O pior é que já era por volta das 22:00 h. Depois de muito discutir com a recepcionista e o Gerente, que me explicaram sobre um congresso médico que se realizava lá, resolvi tomar um taxi e ir para outro hotel. Conversei com o taxista e ele se prontificou a me levar em outro hotel. Levou-me para um que ficava na mesma avenida do Hilton, creio que se chamava Las Conchas; estava lotado. Tentou o Hotel Miramar, lotado. Fomos para o Casa Blanca, lotado. Então ele me disse para tentarmos os menores, mais da periferia, pois tinham vários eventos ocorrendo em San Juan. Achou um hotelzinho que na verdade eram três sobrados geminados, que foram juntados. Já passava de meia noite e eu estava cansado, pois já estava há quase 30 dias fora de casa e só viajando...viajando... Fiquei ali mesmo!        Quando fui tomar banho, o chuveiro ficava sobre uma banheira, que eu já não gosto, porque sempre escorrego. Mas vá lá! À medida que eu me ensaboava a banheira foi enchendo, mesmo com o ralo aberto. A água chegou quase aos joelhos.  No outro dia pela manhã ainda tinha um pouquinho de água lá.         
Eu carregava comigo cerca de dois mil dólares – lembra que naquele tempo não se podia usar o cartão de crédito – e eu não me sentia nem um pouco seguro naquele lugar estranho. Peguei o dinheiro, coloquei debaixo do travesseiro, tranquei a mala, encostei uma mesa e cadeira na porta e estava tão cansado que dormi. Para se ter uma idéia, nem café da manhã tinha, no tal hotel. Saí de lá carregando as malas e tomei um taxi e pedi para me levar para um outro hotel. Este taxista me ajudou em muito. Levou-me para o Hotel Excelsior, na Avenida Ponce de Leon. Um hotel pequeno e tranqüilo e ótimo para quem estava a negócios. Voltei a ficar lá mais duas vezes, nos anos seguintes.     
Como disse o hotel é simples e as cortinas eram deste tecido que chamam de “black-out”, parecido com plástico grosso, que descia do teto até o chão. Quando cheguei ao hotel, à noite depois do trabalho, ao descer do taxi, vi passar um “pássaro” voando de forma estranha. O taxista me falou, que era um morcego. Eu estava no 7º andar e como estava calor eu deixei a janela semi-aberta.
Foi na TV deste hotel, que eu vi, pela primeira vez a Madonna cantando, num show em Porto Rico. Acredito que ela ainda não tinha gravado. Lembro-me que ela vestia uma capa de chuva, ou algo parecido, que achei estranho. Não me lembro das músicas, apesar de ter na cabeça que ela contou uma que se chamava “Everybody”, mas gostei do show dela e a achei muito bonita! Ela devia ter 22 ou 23 anos.
Depois de ver o show da Madonna, dormi. Acordei por volta das 4 horas da manhã, com um barulho estranho, atrás da cortina. Era um plác-plác-plác e parava. Daí a pouco o plác-plác-plác de novo.  Então vi que um morcego tinha entrado no quarto e estava se debatendo atrás da cortina. “Como vou matar este bicho?”, pensei. Levantei fui ao guarda-roupa peguei um desses cabides de madeira pesados, fui para o lado da cortina, fiz pontaria, bem onde a cortina balançava e soltei 3 ou 4 cacetadas, mas o bicho continuava a se debater. Imaginando que já o tivesse machucado o suficiente para que ele não fugisse, puxei a cortina e não o vi. Aí então acendi a luz para ver se o encontrava no chão. Não o encontrei mas, já na claridade, pude perceber que tinha feito um belo estrago na parede, e, notei que ventava e era o vento que batia na tal cortina de plástico, fazendo-a ondular o que fazia o barulho do “morcego se debatendo atrás da cortina”.

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