domingo, 24 de junho de 2012

Causo 48 Senhor João Pelado


Nicanor de Freitas Filho
            Vou contar alguns causos que ouvi na minha viagem de férias, pois senão esquecerei mais tarde.
            O senhor João Pelado, com ele era conhecido na Miragaia, Portugal, trabalhava nas propriedades da região para ganhar a vida. Podando videiras, colhendo, carpindo, semeando ou fazendo o que lhe era indicado. Ele era, de fato, muito esperto e fazia o que lhe pedissem. Naquelas bandas o costume é o “patrão” contratante servir uma refeição, que lá é sempre acompanhada de vinho, geralmente feito pelos próprios. E segundo me contaram, tinham aqueles “bons patrões” e aqueles não “tão bons assim”, ou seja, alguns serviam comida à vontade, e boa. Comida boa lá, não é a bem feita, pois estas todas são, comida boa é aquela que tem “substância”, principalmente carne. E o vinho é servido também à vontade. Mas geralmente o vinho era colocado sobre a mesa, num garrafão e apenas um copo, que cada um se servia tomava e passava para o colega da frente.
            Num desses dias, foi servido apenas legumes cozidos com batatas. Mas no prato do “patrão” tinha um grande naco de carne de porco, cheirosa e com cara de muito boa. Todos se olharam, mas nada podiam fazer, pois eram muito educados e a regra era não reclamar. Mas o senhor João Pelado era muito espirituoso, de raciocínio muito rápido e não perdia oportunidade para demonstrar este seu espírito alegre e “gozador”. Veio uma mosca e pousou na beirada do seu prato, no que ele espantando a mosca com uma das mãos, disse:
            “ – Sai do meu prato mosca, aqui não tem nada que lhe agrade, hoje é dia de jejum!”

            Num outro dia, mas em uma outra propriedade, serviram a comida, colocaram o garrafão de vinho sobre a mesa e um “copinho” muito pequeno, para que bebessem pouco. Quando chegou a vez do senhor João Pelado, ele se serviu e, sorrateiramente, colocou o copinho no bolso. Logo alguém perguntou pelo copo, no que ele imediatamente respondeu:
            “ – O copo era tão pequeno, que o engoli, sem perceber...”

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Nicanor de Freitas Filho