Nicanor
de Freitas Filho
Vou contar alguns causos que ouvi na
minha viagem de férias, pois senão esquecerei mais tarde.
O senhor João Pelado, com ele era
conhecido na Miragaia, Portugal, trabalhava nas propriedades da região para
ganhar a vida. Podando videiras, colhendo, carpindo, semeando ou fazendo o que
lhe era indicado. Ele era, de fato, muito esperto e fazia o que lhe pedissem. Naquelas
bandas o costume é o “patrão” contratante servir uma refeição, que lá é sempre
acompanhada de vinho, geralmente feito pelos próprios. E segundo me contaram,
tinham aqueles “bons patrões” e aqueles não “tão bons assim”, ou seja, alguns
serviam comida à vontade, e boa. Comida boa lá, não é a bem feita, pois estas
todas são, comida boa é aquela que tem “substância”, principalmente carne. E o
vinho é servido também à vontade. Mas geralmente o vinho era colocado sobre a
mesa, num garrafão e apenas um copo, que cada um se servia tomava e passava
para o colega da frente.
Num desses dias, foi servido apenas
legumes cozidos com batatas. Mas no prato do “patrão” tinha um grande naco de
carne de porco, cheirosa e com cara de muito boa. Todos se olharam, mas nada
podiam fazer, pois eram muito educados e a regra era não reclamar. Mas o senhor
João Pelado era muito espirituoso, de raciocínio muito rápido e não perdia
oportunidade para demonstrar este seu espírito alegre e “gozador”. Veio uma
mosca e pousou na beirada do seu prato, no que ele espantando a mosca com uma
das mãos, disse:
“
– Sai do meu prato mosca, aqui não tem nada que lhe agrade, hoje é dia de
jejum!”
Num outro dia, mas em uma outra
propriedade, serviram a comida, colocaram o garrafão de vinho sobre a mesa e um
“copinho” muito pequeno, para que bebessem pouco. Quando chegou a vez do senhor
João Pelado, ele se serviu e, sorrateiramente, colocou o copinho no bolso. Logo
alguém perguntou pelo copo, no que ele imediatamente respondeu:
“
– O copo era tão pequeno, que o engoli, sem perceber...”
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Nicanor de Freitas Filho