Nicanor
de Freitas Filho
Fui à casa de um casal de amigos,
meus vizinhos, para levar uns ovos moles de Aveiro que trouxe para eles. Ele
tem dois filhos, com 6 e 9 anos. Vou me referir ao mais novo como “Zé Mané”,
que é como ele chama um dos tios dele.
Os pais dele me mostraram um “livro”
que ele “escreveu”, tudo com aspas, porque ele ainda não é alfabetizado.
Aprendeu escrever e ler observando o irmão mais velho estudar. O fato é que ele
dobrou uma folha de papel sulfite em quatro partes, na frente, a capa, está
escrito “Os fofinhos” e tem um desenho azul, que eu não consegui definir
claramente o que representa (é uma obra de arte, não precisa entender, basta
apreciar). Nas páginas interiores tem uma estória assim: “ Era uma ves um bebê fofinho que
foi viachar e achou uns bebês fofinhos no meio do caminho. E foi achando mais
bebês cando eles acharam um ome e um deles teve uma ideia. Ele falo por que a
chente não fala com ele para ele se o nosso pai. Eles foram percontar e ele
aseitou. E viveram felizes para sempre.” (sic).
Na
capa de trás, está escrito: “Autor e Desenhador: Vitor B. Aquino”.
O irmão mais velho, o corrigiu,
dizendo que não era desenhador e sim ilustrador, no que ele respondeu com toda
certeza: “Eu escrevi e desenhei, só isso!”
Eu fiquei impressionado, pois ele
ainda não é alfabetizado. Aprendeu escrever porque tem um irmão mais velho, por
sinal, muito inteligente – quase um perfeccionista – pois quer tudo o mais
certinho possível. Ele pede ao pai para rever as lições e fala que se tiver
alguma coisa errada, só fala que tem coisa errada, mas não diz o que, nem onde.
Ele acha que ele é que tem que descobrir o erro.
Obviamente
que os pais também têm muito a ver com o desenvolvimento do Zé Mané, porque o
incentivam a ler e criar coisas dentro da área educacional. Por exemplo, a
estante deles é baixinha, para não ter que pedir a ninguém para pegar os
livros. Procuram comprar livros impressos em caixa alta, para facilitar a
leitura.
Outro dia o irmão mais velho estava
tentando fazer uma redação sobre tartaruga e o Zé Mané, ali por perto, jogando
futebol de botão. De repente ele sugeriu ao irmão mais velho que contasse uma
estória “que a tartaruga voou até o céu e
foi pedir”... O mais velho interrompeu-o dizendo: “Tartaruga não voa, ô rapaz”. Ele imediatamente respondeu: “A tartaruga é sua, é da sua estória, você
faz o que quer com ela...”
A Mãe deles observou: “Essa é a
diferença entre inteligência e criatividade!”
A Mãe, para incentivar e ver se ele
tinha entendido o que ela acabava de explicar para o irmão mais velho, com ele
presente, escreveu num papel e mandou que ele completasse com adjetivos:
A Mamãe é...
O Papai é...
O meu irmão é ...
O Zé Mané é...
Ele não precisou de muito tempo e
completou:
A Mamãe é BONITA.
O Papai é INTELIGENTE.
O meu irmão é LEGAL.
O Zé Mané é FANÁTICO POR
FUTEBOL...
Certíssimo! Afinal ele é torcedor do
Corinthians!!
Esse Zé Mané tem muito a ver com meu neto mais novo que é também criativo, porém, mostra um estilo que eu chamaria de "debochado" eis que adora palavrões.
ResponderExcluirFiquei fã do Zé Mané, meu xará
ass. Zé da Augusta
Adorei, que criança magnífica, que continue com essa criatividade, e que os pais e irmão tenham "pedalada" para o acompanhar. Bjs
ResponderExcluirEsse Zé Mané é espetacular, uma criança muito criativa e esperta. Vai longe...
ResponderExcluirGostei muito, continue escrevendo.
Abraços, Suzana
Zé Mané?? Zé Mané é você que não contou quem é ele. Este menino merece ser incentivado por todos nós. Ainda mais que é corintiano!! Parabéns Zé Mané!!
ResponderExcluirDora