segunda-feira, 2 de julho de 2012

Causo 51 Suíça I Educação e Trânsito


Nicanor de Freitas Filho
            Nestas férias de 2012, conseguimos realizar o sonho de visitar a Suíça. Há muito que queríamos, mas não dava certo. Estivemos em 9 cidades, algumas consideradas grandes, como Zurique, Berna e Genebra, outras menores como Interlaken, Grindelwald e Montreux, mas todas muito bonitas. Aliás, em cada lugar que chegávamos achávamos mais bonito que o anterior. Enfim é tudo maravilhoso!
            Mas não é disso que quero falar, mas sim da diferença cultural. Em tudo, precisamos aprender um pouco com eles. Principalmente civilização, nas atitudes, costumes, comportamento social, educação e especialmente no trabalho.
Lugar com muitas bicicletas, motos e automóveis. Tem congestionamento? Sim senhor! Tem congestionamento. Mas não ouvi buzinadas nem uma vez. Nem discussão entre motoristas. E o melhor, não vi nenhuma moto ultrapassando pelo meio dos carros, para acumularem lá na frente sobre a faixa de pedestre e saírem na frente de todos. Acreditem: as motos vão se enfileirando, uma atrás da outra, ou atrás dos carros e aguardam, civilizadamente, sua vez. Não vi nenhuma fechada de automóvel em moto, nem vice-versa. É verdade que em quase todas as ruas tem faixa para bicicletas, mas quando não têm elas andam normalmente junto ao meio-fio, sem atrapalhar ninguém e sem provocar transtornos. Não vi nenhuma bicicleta atravessar sinal vermelho. Nem andar sobre a calçada (a menos que a faixa do ciclista fique sobre a calçada, o que é muito comum). Têm locais que a calçada foi dividida para ciclistas e pedestres e cada um ocupa seu espaço e respeita o do outro. Não vi nenhuma frescura de obrigação de uso de capacetes e roupas especiais. Vi sim mulheres com aparência de “donas de casa” nas bicicletas, com sacolas de supermercado e de lojas nos bagageiros. Não vi ninguém desrespeitar ninguém no trânsito. Tudo parece muito natural para eles. A educação está acima de quase tudo para eles.
            Ah! Sim, faixa de pedestres? Tem sim e são muito bem usadas e respeitadas. Tem as faixas que ficam nos faróis. Em todas estas tem o semáforo para carros e para pedestres. Todos as respeitam, rigorosamente! Não vi nenhum semáforo apagado ou piscando. Nas faixas que não tem semáforo, tem uma placa azul com o desenho, em preto e branco, de um homem andando sobre uma faixa. Significa que o pedestre tem preferência total sobre os outros veículos. Não precisa levantar o braço nem nada. Basta colocar o pé na faixa que todos os veículos param: automóveis, motos e bicicletas. Não vi nenhum pedestre, ainda que velhinho, “ensebando” para atravessar a faixa. Todos andam rápido sem frescuras. Tudo organizado e respeitado como deve ser. Acho que o nome disto é Educação!!
            Aliás, ouvi uma buzinada sim, em Genebra e quando olhei para trás para ver o que estava acontecendo, vi uma brasileira – da nossa excursão – que atravessava a faixa de pedestres, com o semáforo vermelho para ela. O carro, um Toyota Yaris, freou bruscamente e aí sim, meteu a mão na buzina!  E ela acabou de atravessar sorrindo, como se estivesse “abafando”. Apareceu!!
            Em quase todas as cidades que passei ainda funcionam, e muito bem, os bondes. Ou “trans”, como eles chamam, ou dê o nome que se queira dar aos carros elétricos que andam sobre trilhos, no meio das ruas. Surpreendentemente, um dos melhores meios de transporte, pois são rápidos, limpos, com informações muito claras – até para quem não fala alemão, que é o meu caso – e lhe permite apreciar as belezas das cidades, mas são um pouco caros, para o nosso padrão, principalmente se você comprar bilhete para uma viagem. Os moradores locais compram para o ano todo e fica bem mais barato. Sabe como funcionam? Em cada ponto, devidamente com cobertura acrílica, tem uma “maquininha” de venda de bilhetes com moedas. Ali você escolhe o bilhete que quer comprar – as máquinas têm explicações em alemão, francês e inglês – colocam-se as moedas no local indicado e recebe o bilhete com o troco. Ao entrar no veículo, você vai até uma outra maquininha para validar o bilhete, que fica gravada a hora e o dia que você tomou o bonde. Se o fiscal passar para conferir o bilhete – o que é raro – e não estiver validado, ou não tiver o bilhete, a pessoa não só recebe uma multa elevada, como, geralmente é levado a uma delegacia, para dar explicações. Por isso, todo mundo paga e valida seus bilhetes.

            Ah! Ia me esquecendo. As ruas são limpas, com asfalto liso e regular, com sinalização perfeita e bem conservada. Não vi um pedaço de papel no chão, nem copinhos, nem ponta de cigarro, nem saquinhos, nem papel de bala. Tudo limpinho e bonito. Vi sim, muitas flores, jardins bem cuidados, muitas árvores e lagos – como tem lagos naquele país – sinalização clara para tudo! Acho que o nome disto é Educação!!

3 comentários:

  1. Freitas

    Comparar com a administração das nossas cidades só reforça o grau da nossa tragédia social e urbana, retrato e espelho das lideranças que vimos tendo nos últimos em todos os niveis: Federal, Estadual e Municipal. Fazer o quê? Não podemos mudar o país para a Suiça. Abraços,
    José Carlos - 04/07/12

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    1. Concordo Zé Carlos, mas precisamos começar aprender algumas coisas, como educação, civilidade e não aceitar a corrupção de forma tão passiva. Se não alertarmos os que não conhecem o mundo civilizado, não conseguiremos mudar nunca. Não é?
      Vou continuar divulgando nossas diferenças.
      Obrigado pelos seus comentários.
      Abraços
      Nicanor

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  2. Cultura, educação, civilidade, política... temos muito que aprender. Somos novos, acho que ainda há tempo.
    Carlos R. R. Jr.

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Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho