sábado, 7 de julho de 2012

Causo 52 Suíça II - Trabalho

Nicanor de Freitas Filho
            Em nossa viagem pela Suíça encontramos alguns brasileiros que residem por lá. Maioria de mulheres. Brasileiro conhece outro brasileiro de longe, é fácil saber.
            Conversando um pouco, ficamos sabendo que lá, geralmente não se tem horário fixo para trabalhar – exceto alguns postos que exigem troca em horários certos – mas praticamente todos os suíços chegam antes do expediente começar, trabalham muito e saem, geralmente bem depois do expediente acabar. Geralmente não recebem horas extras. Quem quiser trabalhar trabalhe. Tem que dar conta dos seus resultados, como julgar mais conveniente. Isto tudo, apesar de a legislação ser de 45 horas semanais. Não tem estabilidade trabalhista. Mas ninguém é dispensado à toa. A menos que não trabalhe corretamente, ou que não seja eficiente. Segundo me explicaram, chefe lá dá bronca sim e muita, às vezes, até são um pouco grosseiros. Ninguém reclama, nem vai à Justiça! Todos sabem que eles têm que dar resultado!
            Os salários são aparentemente bons, mas o custo de vida é muito alto. Então, não é fácil viver por lá, como pode parecer. Tem sim uma qualidade de vida muito boa. Pois não precisam se preocupar com despesas médicas, com aposentadoria, com roubos, com educação, pois isto lá é tudo tão bem organizado e executado que ninguém nem discute o assunto. Para tudo tem seguro, quase obrigatório, ou seja, é tudo pago, mas muito bem fiscalizado pelo governo, que corrige qualquer coisa que saia da linha.
            Uma coisa que me impressionou muito foi a informação que na Suíça paga-se o seguro de aposentadoria, que é um seguro “mais ou menos” estatal – é difícil de explicar com poucas palavras – mas é baseado em 3 “Pilares” e quando a pessoa cumpre os pré-requisitos para a aposentadoria (o principal é a idade de 65 anos) todos recebem o mesmo valor, no 1º Pilar, mas difere no 2º, que é o chamado profissional, mas no total atualmente, fica sempre acima de Chf 3.000,00. Tenha ele pago muito ou pouco, por muito tempo ou por pouco tempo, trabalhando como gari ou como presidente de uma grande multinacional, tendo direito à aposentadoria o valor do 1º Pilar é o mesmo. Ah! Funcionário público também! Parece muito o valor, mas só o aluguel de um apartamento, fora dos centros urbanos, ou seja, subúrbios, de 2 dormitórios (pequenos), paga-se de Chf 1.500,00 a Chf 2.000,00 de aluguel.
            Conversamos com uma angolana que vive em Interlaken há mais de 10 anos, trabalha no hotel que ficamos. Ela nos contou que ganha Chf 4.000,00 por mês, mas ela fica no hotel cerca de 14 horas todos os dias – naquele dia específico, ela ficou 16 horas, por causa do nosso jantar, que prolongou um pouco mais os trabalhos dela. Como ela atende tudo, inclusive o bar do hotel, ela ainda recebe algumas gorjetas. Mas só de aluguel ela paga mais de Chf 2.000,00. Não reclama de nada! Acha que é uma privilegiada de ter um bom emprego, onde gostam muito dela e ela gosta do que faz. Além disso, acha que mora bem e o filho de 6 anos estuda numa boa escola (e vive corrigindo sua  pronúncia no idioma alemão).
                 Um detalhe importante é que só os ricos possuem casa ou apartamento. A maioria absoluta, segundo entendi, mais de 70% da população, paga aluguel, porque quase todos os imóveis pertencem aos bancos ou seguradoras, que têm grande parte de seus rendimentos nessa atividade. Entendi também que somente cerca de 1% dos imóveis ficam em disponibilidade. 

2 comentários:

  1. Recebi uma informação, por e-mail, de que os números não estão totalmente corretos. Não tive intensão de "dar aulas", mas simplesmente transcrever o que ouvi lá. Portanto pode ter erros sim, mas foi o que eu guardei na memória...
    Nicanor

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  2. Freitas
    Mais importante que os números é a essência do tema. Afinal, você não esteve lá fazendo pesquisa econômico-social, e o seu artigo retrata a percepção do que você viu e ouviu. Não se pode exigir que um turista verifique e confirme todas as informações que lhe são passadas sobre qualquer país que, normalmente, começam a não ser muito confiáveis já nas informações dos guias turísticos. Cara, vai em frente s segue passando-nos a tua visão do mundo que conheceste. Abraço - (José Carlos - 09/07/12)

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Nicanor de Freitas Filho