Nicanor de Freitas
Filho
A frustração foi tão grande que não
aguento, tenho que escrever, senão “ficam me coçando os dedos...” Mesmo
passados todos esses dias, ainda não consegui “engolir” a medalha de prata, com
cara de lata, como disse o Juca Kfuri.
Quando comecei a jogar futebol, lá no
Colégio Don Bosco, em Araxá, vi que não tinha muito talento e tinha que me
contentar em jogar na defesa, primeiramente como beque central, depois como
lateral esquerdo. Uma das primeiras coisas que colocaram na minha cabeça é “jogo de campeonato, bola pro mato”.
Isto quer dizer que a Defesa é organização, como relatei aqui, na explicação do
Chico Anízio, e se não tiver organizada, chuta a bola pra fora, para ter tempo
de organizar. Certo?
Sábado passado fiquei abismado,
assistindo o jogo final de futebol das Olimpíadas 2012. Aos 15 segundos de
jogo, o goleiro do México, recebeu uma bola atrasada e jogou para frente,
porque a defesa estava desorganizada. A bola foi para o campo de defesa do
Brasil, e estava muito fácil de iniciar a primeira jogada do Brasil. Bastava o
tal do Rafael rolar a bola para o Thiago que estava bem próximo dele, ou para o
Juan, que estava mais do lado esquerdo. Se ele não se sentisse seguro, poderia
atrasar para o Gabriel, como havia feito o defensor do México. O Gabriel
provavelmente daria um chutão, ou rolaria para o Juan na esquerda. Mas ele se
enrolou todo, quis driblar, não conseguiu, virou para um lado, virou para o
outro, não conseguiu o drible. Ele poderia ainda ter tentando chutar a bola nas
pernas do adversário, para cavar a lateral, ou poderia ter chutado a bola pra
lateral – “jogo de campeonato, bola pro
mato” – até que a defesa se recompusesse por completo, mas o estúpido
lateral, para se livrar do enrosco, resolveu arriscar um passe para o volante, que
nem estava bem colocado, nem é um grande jogador, nem estava “ligado” para
receber ali a bola. Ele voltava para ajudar a marcar. E nestes 13 segundos de
indecisão ele tocou a bola quase no pé do adversário que, este sim, estava
“ligadão” no jogo e conseguiu o passe para o nº 9, excelente centroavante, que
não teve nenhum problema em colocar a bola lá no cantinho do Gabriel. Isto aos
28 segundos de jogo. México 1 x 0 Brasil.
Será que ninguém nunca falou esta frase
para o Rafael? “Jogo de Campeonato, bola pro mato...” Será que ele não aprendeu
isto?
O Mano Menezes levou meia hora pra
descobrir que tinha escalado o time errado, com o tal de Alex Sandro no lugar
do Hulk (um dos melhores atacantes do Brasil). Como disse o comentarista da
SportTV, Paulo Cesar, parafraseando Vinícius: “se é pra desfazer, porque que
fez?”. Esse Alex estava totalmente
perdido, sem saber exatamente qual sua função, aliás como esteve no jogo
anterior. O mais engraçado, é que o Mano escolheu 3 jogadores maiores de 23
anos, para serem titulares: Thiago, Marcelo e Hulk, mas deixou este na reserva!
Pasmem! Sem discutir as convocações, deixou também na reserva o Lucas, que hoje
é um dos melhores jogadores do Brasil.
A entrada do Hulk, apesar de ter
melhorado muito o desempenho do time, a Seleção se mostrava jogando de “salto
alto”, como que dizendo: “ganho
este jogo a hora que eu quiser...” Aí, o grande Marcelo do Real Madrid, que embora seja
um bom jogador, gosta mais de aparecer do que jogar para o time – perdeu um gol
incrível, numa rolada de bola que o Leandro Damião lhe ofereceu – não marca bem
e vive fazendo atrapalhadas, como a falta, acho até que nem fez, mas gosta
tanto de aparecer, que os gestos dele, levou o bandeirinha a marcar uma falta,
que originou no segundo gol do México, numa falha incrível de marcação. Só aí o
Mano resolveu mexer para valer e colocou o Pato no Lugar do Sandro – que era
outro perdido, dentro de campo, como era também o Rômulo – e faltando 2 ou 3
minutos colocou o Lucas no lugar do Rafael. Aí saiu o gol do Hulk e ainda o
Oscar perdeu um gol dentro da pequena área, num cruzamento do Hulk.
Isto foi o jogo! E mais uma vez ficamos
com a medalha de prata e a frustração!
Vamos às análises:
O Mano Menezes convocou o Marcelo,
lateral esquerdo, quando deveria ter convocado o Daniel Alves, lateral direito.
Sem mais explicações, o Rafael não teria feito a burrice que fez aos 15
segundos de jogo, nem o Marcelo teria “feito” a falta que originou no segundo
gol. O Daniel Alves é o melhor lateral
do mundo. Joga em várias posições – inclusive na lateral esquerda, se precisar
– e seria titular de qualquer seleção.
Ele levou dois volantes que nem ajudam
na marcação, nem na armação. Ou seja, são desorganizados e sem criatividade.
Levou o Lucas para ficar na reserva. Um jogador que é negociado por mais de 100
milhões, não pode ficar na reserva! Ou estou equivocado?
Já “o melhor jogador do Brasil” –
Neymar – não fez o que se esperava dele. Aliás, não fez no Mundial Interclubes,
ano passado, quando foi “assistir” a aula do mestre Messi, não fez na
Libertadores nos dois jogos contra o Corinthians e só jogou razoavelmente bem
um jogo das Olimpíadas. Ou seja, sob pressão não rende nada, não aparece, não
chama o jogo para si. Não acostumou ainda a ser o principal jogador da Seleção.
Acredito que, com a eliminação do Barcelona da Liga dos Campeões, de Portugal
da Eurocopa, o Neymar poderia, se jogasse uma excelente Olimpíada, até
concorrer, com chances, de Melhor Jogador da FIFA. Mais uma vez negou fogo! É uma
pena! Mais uma vez ficamos frustrados! É uma pena!
Escrevi aqui no blog, certa vez, que a
culpa era do Dunga que não o convocou para a Copa do Mundo do 2010. Acho que se
ele estivesse lá, sentido toda a frustração que sentimos, ele já estaria mais
“calejado” para as Olimpíadas. Vamos rezar para o Lucas e o Oscar aprenderem
nestes dois anos, lá na Europa, para não passarmos vergonha em 2014.
Em compensação vimos em seguida, um
esporte que não tem a dinheirama do futebol, o vôlei feminino, “levar um gol aos
28 segundos”, ao perder ao primeiro set de 25 a 11, numa ansiedade fora do
comum, virar o jogo para 3 a 1, contra o time favorito para levar a medalha de
ouro! Diferença: APESAR DE SEREM LINDAS, AS MENINAS, NÃO JOGARAM DE SALTO ALTO!
Aliás, se usarem salto alto, nem arranjam namorado, porque são muito altas.
Parabéns a todas as meninas e ao José Roberto, mas especialmente para Jaque,
Dani Lins, Thaisa, Fabiana, Fe Garay, Paula Pequeno e Fabi (esta pode usar
salto alto...rsrsrs).
Infelizmente não tenho conhecimento
suficiente para analisar a vitória do vôlei, apenas vibrei!!
Já no vôlei masculino, o Bernardinho
levou um nó nos três últimos sets que deu dó! Ele simplesmente não tinha o que
fazer. O treinador russo, num lance de astúcia, colocou aquele grandão na ponta
(ele era central) e ele fez o que quis. Na falta do Dante e do Visotto, o Giba
não conseguiu entrar no ritmo do jogo. Mas pelo menos lutaram! Não
“futebolizaram” o jogo. Foi também frustrante mas, pelo menos, perdeu porque o
outro foi muito melhor!
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Nicanor de Freitas Filho