domingo, 26 de agosto de 2012

Causo 58 O Ovo de Páscoa


Nicanor de Freitas Filho
            Aquele meu amigo mineiro, mas que mora no Rio, que veio para São Paulo para ser gerente de uma Corretora (causo 12), tem um causo de uma Páscoa, que vale à pena!
            Um de seus funcionários, naquela época, da área de vendas, resolveu fazer uma brincadeira com ele, na Páscoa. Dizer que fizeram uma “vaquinha” para comprar um ovo de Páscoa para ele.  Na verdade eles tinham arranjado uma lâmpada de mercúrio, dessas grandes que tem o formato do ovo de Páscoa, que foi colocada na caixa, no lugar do ovo. Brincadeira típica de vendedor, pessoal sempre alegre e criativo.
            Planejaram tudo, depois do expediente o “Vendedor” e a tropa trouxeram a lâmpada, arranjaram uma caixa de ovo de Páscoa, papel para presente, durex, fita vermelha, tudo certinho e foram para a sala de reuniões, onde, além da grande mesa, tinha um armário, com alguns livros, poucos usados, mas a parte de baixo era fechada e praticamente não era usada. Fizeram um lindo pacote de presente com papel celofane, acabamento em fita vermelha, com cartãozinho de Boa Páscoa, tudo como manda o figurino dos verdadeiros  “puxa-sacos”.
            Para não correr risco de algum “acidente” de percurso, colocaram na parte de baixo do armário e uma mesa na frente, em posição estratégica, para que, se fosse mexida eles saberiam. Trancaram a sala e avisaram a Auxiliar de Limpeza, que também participava da brincadeira. Na manhã seguinte checaram e estava tudo em ordem. Ia ser muito engraçado quando ele abrisse a caixa e tivesse uma lâmpada usada, no lugar do ovo.
            Mas sempre tem um “puxa-saco” de verdade, que chamou o Chefe e contou o que ia acontecer e propôs dar o troco, antes de receber o principal. O Chefe financiou e deixou a cópia da chave da sala com ele. Para evitar qualquer suspeita, o “Puxa-saco” verdadeiro, foi almoçar junto com a turma. Mas ao ver o prato do dia, deu desculpa que não gostava daquele prato e disse que comeria no outro restaurante e que os esperaria por lá, já que era caminho de volta para o escritório.
            Nesse tempo, foi até ao Supermercado ali perto, comprou o ovo verdadeiro, foi ao escritório, que não tinha ninguém, abriu a sala com a chave do Chefe, trocou o pacote, escondeu a caixa do ovo verdadeiro e a lâmpada, deixando a mesa na mesmíssima posição, trancou tudo e correu para o restaurante. Pegou um palito e ficou sentado numa das mesas da entrada, como se estivesse palitando os dentes. A turma, saindo do outro restaurante o encontrou com o palito entre os dentes e ele – que ficou sem almoço – bateu a mão na barriga e comentou, com um pequeno arroto forçado: “-Comi uma dobradinha!” Na verdade estava morrendo de fome! Foram todos juntos comentando o que iria acontecer no final do expediente. Ia ser a maior gozação com o Chefe!
            No final do expediente, convidaram o Chefe à sala de reuniões, para lhe entregar uma “lembrancinha” de Páscoa. Ele procurou se fazer de desentendido, mas acabou aceitando e foi para a sala e sentou-se na cabeceira da mesa, perto do “esconderijo”. O “Puxa-saco” verdadeiro se incumbiu de entregar o presente ao Chefe, pois se outro pegasse o pacote, notaria a diferença de peso, pois a lâmpada é muito mais leve. Abriu o armário e passou o pacote para o Chefe. Ele então fez um pequeno discurso de agradecimento, levantou-se com o pacote nas mãos e foi saindo. Mas a turminha pediu para ele abrir o pacote, para ver se gostava. E ele encenou que não iria abrir, pois queria levar assim para as filhas dele. Mas eles tanto insistiram que então ele resolveu abrir. Desmanchou o pacote, tirando fita, celofane, abriu a caixa com cuidado e estava lá um belo ovo de Páscoa. Ele novamente agradeceu, disse que gostou muito e que a esposa e as filhas iriam adorar comê-lo...
            Um olhava para a cara do outro, não entendiam nada e não sabiam o que fazer, pois estavam preparados para a gozação, que não tinham como fazê-la agora. E assim que o Chefe saiu, o “Puxa-saco” de verdade, já começou a acusar uns e outros para evitar que o acusassem...
            Segundo meu amigo, nunca ninguém ficou sabendo quem foi o “traidor” e ele também nunca contou para ninguém, exceto para sua filha mais nova, que frequentava o as reuniões sociais e conhecia quase todo o pessoal do escritório, que pediu de presente de aniversário de 15 anos o segredo do ovo de Páscoa...
            Nada como ter um bom, verdadeiro e fiel “puxa-saco”!

2 comentários:

  1. Freitas
    Mesmo os "puxa-sacos" têm que viver "pisando em ovos". O causo é engraçado e serviria para um bom sketch de teatro.
    Abraço - José Carlos - 26/08/12

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  2. Você consegue sempre achar um trocadilho para os causos! Eu jantei com Chefe nesta semana, por isso que me lembrei do causo. Muito obrigado pelos comentários.

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Nicanor de Freitas Filho