domingo, 2 de outubro de 2011

Causo 30 Persuasão

          Outra muito boa que também ouvi num seminário de vendas é a estória do camarada que foi pela primeira vez ao Jockey Club. Tenho que explicar que, nessa época, para se apostar no Jockey Club você tinha ir lá, para ver os páreos e um pouco antes de cada páreo, os cavalos se apresentavam na pista, você olhava e se conhecesse já ia para aposta, caso contrário era a chance que você tinha para conhecer o cavalo e o jóquei que ia montá-lo, naquele páreo, além de saber com que número ele correria. Então você decidia em quem apostar e se dirigia a um dos guichês para comprar a pule, que era o bilhete de aposta. Geralmente tinha duas ou três torres abertas, dependendo do número de participantes de cada páreo. Cada torre devia ter cinco ou seis guichês, com o número em cima. Você entrava na fila do número do cavalo que você queria apostar.
            Num domingo de verão, ensolarado, bonito, nosso personagem foi conhecer o Jockey Club. Foi até às arquibancadas, viu os cavalos e a cara dos jóqueis, gostou demais do nº 7. Entrou na fila do guichê nº 7 e foi remexendo o dinheiro para aposta, quando um rapaz na fila nº 6, perguntou a ele se era a primeira vez que vinha ao Jockey. Ele disse que sim, então o novo amigo disse para ele:
            “ – Então vem apostar no nº 6 porque é barbada, sem erro, eu conheço bem os cavalos deste páreo.”
            Ele passou para a fila nº 6 e comprou duas pules, já que era “barbada”! Começou o páreo o nº 6 disparou, mas a partir da metade do páreo ele foi perdendo velocidade e... adivinhe quem ganhou. Exatamente o nº 7!! O “amigo” disse para ele, que deveria ter acontecido algo com o nº 6 porque diminuiu muito na segunda metade da corrida. (Será que era o cavalo paraguaio?)
            Tudo bem! Acontece! Apareceram os cavalos para o segundo páreo. O novato olhou, olhou e decidiu pelo nº 3. Correu para a fila. Ao chegar lá, o “amigo” estava na fila do nº 1 e já foi logo dizendo:
            “ – Companheiro agora é mesmo ‘barbada’. Não pode acontecer nada de errado agora. Não caem dois raios no mesmo lugar.”
            É verdade, pensou ele e comprou mais duas pules do nº 1. Dada a largada, o nº 1 se embaraçou com outro cavalo e nem chegou à reta final. É, parece que foi azar mesmo, mas quem ganhou foi o nº 3.
            No terceiro páreo, ele escolheu o nº 5, mas o “amigo” apareceu por lá e o convenceu apostar no nº 7, claro que deu o nº 5! No quarto páreo, ele viu os cavalos e pensou agora aposto neste nº 4 de qualquer jeito. Assim que começou a se encaminhar para os guichês, o “amigão” aproximou-se e disse:
            “ – Meu amigo, este é o único páreo que tenho 100% de certeza de ganhar, porque o jóquei do nº 8 é meu irmão e está tudo arranjado para ele ganhar. O dono do cavalo pagou uma nota preta pela marmelada. Tiro e queda!”
            O novato foi lá comprou 4 pules do nº 8 para tentar salvar as perdas. Deu o nº 4. Ele então, contou o dinheirinho que lhe sobrou e mal dava para o ônibus. Ele resolveu ir embora, porque senão ainda gastaria o dinheiro do ônibus. Chegando fora do Jockey, viu aquela bruta fila para os ônibus. Fazer o que? O dinheiro não dava para o taxi, tinha que enfrentar a fila.  Na fila, com aquele sol quente, queimando-lhe os miolos, ele tirou o lenço, amarrou as pontas, de forma que coubesse na cabeça. O camarada que estava atrás dele gostou da idéia e fez o mesmo e começaram a conversar. Nosso personagem foi contando ao companheiro de fila o que tinha acontecido. Escolheu o 7 apareceu um camarada dizendo que a barbada era o 6, depois escolheu o 3 o cara convenceu-o de jogar no 1 e assim foi indo, até que disse que o irmão era o jóquei ele apostou no 8 deu o 4...
O calor ia aumentando e começou a dar sede no nosso personagem. Então ele falou com o camarada:
            “ – Olha, estou com muita sede, o ônibus está demorando muito, vou dar um pulinho ali naquele bar para tomar um copo de água, por favor, guarde o meu lugar que volto num minutinho.”
            O camarada disse que tudo bem, que podia ir sem problemas e inclusive avisou outro senhor que estava atrás do camarada, para não ter problema. Demorou um pouco mais do que eles esperavam, inclusive a fila já estava andando, quando chegou nosso personagem, comendo amendoim salgado, num saquinho, no que o camarada que lhe guardava o lugar perguntou:
            “ – Mas você não estava com sede e ia beber água?”
            “ – Ia sim! Mas lá no bar encontrei aquele f.d.p. lá do Jockey...”

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Nicanor de Freitas Filho