sábado, 25 de julho de 2015

São Paulo e sua sina


Nicanor de Freitas Filho

            Dia 22 pela manhã ouvi uma pequena entrevista do nosso prefeito Haddad (aquele que tem 16% de aprovação), que estava em Roma, dizendo que a redução de velocidade das marginais é uma tendência mundial, e, em São Paulo é experimental e provisória... Ãããhh? Quase bati com o sorvete na testa. Em seguida um ouvinte mandou o recado: “Experimentar na marginal dos outros é colírio para seus experimentos...”
            Antes de tudo, quero deixar claro que, sem dúvida nenhuma, a estatística de acidentes e vítimas de trânsito em São Paulo, pede mesmo providências sérias. Não sou contra tomar medidas, mas no afã de acabar com os carros em São Paulo o Poste 2, e seu ajudante de ordem, têm nos agredido com uma violência que não se justifica. Eles já atrapalharam o trânsito de norte a sul, leste a oeste, centro e tudo mais, com suas pinturas de asfalto, às vezes vermelhas – para os ciclistas – e às vezes brancas para os ônibus, com quem eles querem fazer um contrato de 20 anos e se dane quem vier depois deles. Deslocar-se em São Paulo está se tornando um desafio, principalmente profissionais que dependem de visitas aos seus clientes, incluindo entregas.
            Eles – como diria o Lula, porque se são adversários são “eles” – dizem que fazem estudos técnicos, mas não são divulgados. Já procurei em todos os sites que possam ter tais estudos, desde o da Prefeitura até o do Instituto Lula, passando por DET, CET, Detran, Denatran, FGV e tudo mais. Eles acham que somos bobos, que acreditamos em tudo que eles dizem. O que estão fazendo são experiências populistas e nada mais. E eu não gosto de servir de cobaia não!!
            Será que o Poste 2 acha mesmo que pode comparar as coisas de São Paulo, com as coisas de Nova Iorque, por exemplo, que ele citou? Vamos ver...
            Nova Iorque, que ele citou, deve se referir a Manhattan, onde estão concentrados os problemas de trânsito. Trata-se, como sabemos de um tabuleiro comprido de cerca de 60 km², com 16 avenidas de sentido norte-sul e mais de 200 ruas no sentido leste-oeste. Tudo planejado, as avenidas longas e com largura que permitem velocidade de até 40 mph (64 km/h) e ruas estreitas, mas que geralmente você dirige por apenas um quarteirão, pois para se deslocar em distância utiliza-se as avenidas até o ponto onde você vai. Tem três ruas que são mais largas (leste-oeste), para você atingir a avenida que você vai utilizar. O que eu quero dizer é que foi tudo resultado de um  planejamento, para funcionar assim, e, funciona!
            Depois desse planejamento tem toda uma organização, e fiscalização de trânsito, um respeito pelas normas, uma conservação das pistas, com largas calçadas, principalmente nas avenidas. Um sistema de ônibus, metrô, trens e helicópteros, que causa inveja a qualquer um. Então o Metrô é bonito? Não, não é bonito, é velho e com muitas pichações, mas funciona! E funciona bem!
            Tudo lá é previsto e tem autoridade para fazer cumprir. Estava lá em fevereiro de 1983, para uma feira de material escolar, e caiu uma nevasca que acumulou cerca de 70 cm. de neve nas avenidas. Cada proprietário retirando a neve de sua calçada e as máquinas da Prefeitura limpando e espalhando sal para derreter a neve.  Tudo num gerenciamento perfeito, tudo funcionando, inclusive a feira que participei, que naquela época ainda era no Coliseum Center, encostado ao Central Park.
            As linhas de metrô, que eram os principais meios de transportes nesses casos, tiveram sua capacidade aumentada, e tudo dentro de um perfeito controle, que fez tudo funcionar, inclusive fazer minhas amostras, que ainda estavam no Aeroporto, chegarem antes da abertura da feira! 
            Fiz questão de usar quatro palavras que as grifei, e a redação pode não ter ficado ideal, para dizer ao poste 2, daqui de São Paulo, que ainda que pareça, nada funciona sem planejamento, organização, gerenciamento (administração) e controle, como nos ensinou Taylor e Fayol (ele nunca deve ter ouvido falar nisso).
            Será que ele não percebe que a complexidade e a compleição da cidade de São Paulo não pode ser comparada com as cidades americanas e europeias? E portanto não se pode fazer “experiências” sem um estudo detalhado, feito por quem conhece e, principalmente, tenha “tato” e não “tatto”?
            Antes de partir para experimentos, só para experimentar, deveria analisar e implantar na cidade que “governa”:
            Primeiro: Cultura – A cultura do brasileiro se assemelha com a dos americanos e europeus? Acho que não! O brasileiro usa, em primeiro lugar, a lei de Gérson (coitado, ficou o nome dele, para quem quer levar vantagem em tudo), nunca pensa nos demais usuários, principalmente se estiver dirigindo um veículo grande!
            Segundo: Educação – a cultura é o resultado da educação que se recebe, portanto é fácil explicar. O que ele tem feito pela educação dos paulistanos? Quase nada!
            Terceiro: Segurança – não se tem segurança em São Paulo, portanto diminuir a velocidade é colaborar com os assaltantes, que terão suas vidas facilitadas, pois os carros estarão em velocidade compatível para abordagem armada.
            Quarto: Sinalização – a sinalização das marginais em São Paulo é péssima. Tem hora que é tão confusa que ficamos em dúvida se devemos ou não mudar de pista. Isto para mim, que vivo aqui em São Paulo há mais de 50 anos e dirijo há mais de 45 anos. Fui vendedor e andava por toda a cidade dirigindo, por cerca de 28 anos. Imagina um visitante ou turista que chega aqui pela primeira vez! Tenho dó dos vendedores, que como eu precisava de ir aos clientes, levar e discutir amostras e outras reuniões importantes.
            Quinto: Manutenção – Como sabemos, a manutenção de nossas vias públicas, em geral, são péssimas, além de terem sido mal construídas.
            Sexto: Fiscalização – o brasileiro em geral, se não for muito bem fiscalizado, não obedece mesmo! E a nossa fiscalização é muito deficiente.
            Sétimo: Opções – Quais as opções de transportes públicos que temos? Um sistema de ônibus que, se chamar de péssimo estarei elogiando. Um sistema de Metrô, que não atende nem 15% da cidade. Que outras rotas poderiam ser opções para as marginais? Ah! Já ia me esquecendo, temos as pinturas vermelhas (cor do PT) no chão, que ele chama de faixas para ciclistas, muitas esburacadas e totalmente sem uso. Temos também as faixas de ônibus, que ajudou muito, não a aumentar a velocidade dos ônibus, mas ajudou a atrapalhar mais o trânsito de São Paulo. As medidas que o Sr. Haddad e o tal do senhor Tatto (com 2 tes, porque tato com um só, ele não tem mesmo) tomam medidas, todas improvisadas, sem planejamento, sem pesquisas, e tão somente para agradar uma parte da população, pensando que  com isso, vão angariar votos na próxima eleição.
            Quem já visitou as cidades, que seguem a “tendência mundial”, como expressou o despreparado prefeito de São Paulo, sabe do que estou falando.
            Agora ele está falando em fechar a Paulista aos domingos... Vou rezar para que o meu próximo infarto (Deus queira que não o tenha) não seja no domingo, para eu não ter como atravessar a Paulista, até chegar ao Pronto Socorro em tempo! Do primeiro infarto cheguei 7 minutos antes da parada cardiovascular...

8 comentários:

  1. Realmente, Londres, cidade menor que São Paulo, tem mais metrô. Em Viena andei de trem, metrô, ônibus e bonde! Tudo funcionando bem e estritamente dentro do horário, é claro.

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    1. Obrigado pelo comentário Soja. Você ainda poderia ter citado Paris, Berlim, Munique, Bruxelas, Zurique, Moscou e pelo menos uma 40 cidades no Estados unidos, todas com redes de transporte público muito superiores à de São Paulo. Todas planejadas ou replanejadas...

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  2. Só para ficar restrito à nossa São Paulo, esse prefeito deveria gastar mais tempo e dinheiro em tapar os milhares de buracos e crateras que infernizam a todos nós.
    César Chehab.

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    1. Obrigado pelo comentário Cesinha. Foi isso que eu quis dizer. Tem que agir corretamente e não ficar experimentando!

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  3. Freitas: Menos mal que o inventor do poste 2 só sabe contar até aí.Então, acho que dificilmente teremos um poste 3 no país. O número 2 parece não haver tido uma vida paulistana, pois não se deu conta de que as marginais foram feitas para dar mais velocidade (controlada, claro!) ao trânsito, e desafogar as caóticas ruas do centro e arredores. Agora chegamos ao paradoxo de a velocidade das ruas ser maior que a das marginais. Redução do índice de acidentes? Não sei! A nossa atenção ficará num permanente e perigoso vai e vem do velocímetro para o carro da frente, a moto do lado, e vice versa! Abraço. JCN

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    1. O Poste 2 acho que nunca viveu em São Paulo antes. Agora juntou um lixo que sobrou das últimas eleições, assim tipo Padilha, Suplicy e levou tudo lá para a Prefeitura. Não sei onde vamos parar! Obrigado Zé Carlos!

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  4. Desde pequeno ouço que o "Brasil é o país do futuro". Só que este nunca chega! Tudo é na base da improvisação, do esculacho, do deixa estar prá ver como fica, das dificuldades para vender facilidades, falta de planejamento. Como é que os outros países conseguem o melhor, muitas vezes com muito menos recursos naturais e até econômicos? Fácil: disciplina, planejamento, honestidade, responsabilidade, prestação contas da administração da coisa pública, "vergonha na cara"! E, evidentemente: educação, + educação + educação e também aplicação efetiva das leis. É isso. Abraços José Geraldo.

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    1. É isto mesmo Dr. Filomeno. Se de tudo que citei ele ousasse a planejar a educação (corretamente) já seria um grande passo. O problema é que com os restos de eleições que ele juntou lá na Prefeitura, não vai conseguir fazer nada sério! Obrigado pelo seu comentário

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Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho