quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Liderança

Nicanor de Freitas Filho

            Recebi no domingo 16 p.p., de um amigo, cópia de texto que ele enviou para vários jornais, onde conta ter recebido um folder, durante as manifestações de 16 de agosto, na Avenida Paulista, muito bem feito, onde se lia em destaque “Fora Dilma”, “Fora Lula” e “Fora PT”. E no texto ele sugere aos autores do folder, que no próximo, acrescentem “Fora PSDB” e explica que já não podemos contar mais com as lideranças deste partido, uma vez que, na melhor das hipóteses, são políticos talvez honestos, mas covardes, pois não têm honrado os 51 milhões de votos recebidos, na última eleição! Declara ainda que os 51 milhões de eleitores, que votaram no PSDB, são cidadãos, não comprometidos com os esquemas do atual governo, nem “sócios” do bolsa-família. Ele se refere ainda a uma resposta dada pelo Sr. Sérgio Fausto (superintendente do Instituto FHC) em uma entrevista ao Estadão: "O partido fez um movimento de aproximação dos grupos anti-Dilma com receio de ficar para trás nesse processo e, em algum momento, de ser punido eleitoralmente por não emprestar apoio ao movimento. O partido não marcha unido em direção aos movimentos. São dois passos para frente, dois para trás. Em resumo, o PSDB percebe e intui que corre um risco de se manter afastado do movimento, mas tampouco tem estratégia clara de como lidar com ele".
            Lendo isto, lembrei-me imediatamente, de um curso de Administração por Objetivos (velho hein?), onde o instrutor afirmava categoricamente, que em qualquer órgão, privado, público, institucional, associações, sem fins lucrativos, ou qualquer outro tipo organização, não conseguirá atingir seus objetivos se não tiver uma Liderança, sim com letra maiúscula, firme, forte e verdadeira! Nunca me esqueci disto nos meus 38 anos seguintes, de trabalho. E, como não sou um líder nato, tive sempre que me esforçar muito, para conseguir liderar, meu setor, minha empresa, meu clube, meus ex-colegas, meus condomínios e ou qualquer grupo que me incluo. A menos que eu já entre como um “liderado”, e, tenha um bom líder! Não é Jayme? (ele sabe ao que me refiro).
            Essa é a grande diferença entre o PT e o PSDB: LIDERANÇA! O PT tem um líder, incontestável, que manda, desmanda, toma decisões, assume posições, faz, desfaz, briga pela causa, fala asneira, mas não perde a liderança. Quem manda é ele e todos sabem disso! E, principalmente, obedecem! Ninguém tem coragem de contestá-lo, mesmo quando ele não faz o que dele se espera. Já no PSDB... hummmm...
            Quem é o líder mesmo? Bem, o Aécio é o presidente, mas o Alckmin – apoiado pelo grupo Covas – manda muito mais! E o José Serra, tem alguma voz no partido? Ele é de reconhecida competência. Ah! Nenhum dos três? É o Fernando Henrique? Deveria ser e deixou de ser, exatamente, por não saber agir como Líder. No ano de 2000, era o Presidente da República, reeleito, vencendo o Lula em duas eleições, tinha “cacife” eleitoral, queria que o Mário Covas (que já estava doente) fosse o seu sucessor na Presidência da República. Mas, por falta de liderança, não soube conduzir as prévias, perdeu sua indicação e não aceitou a decisão do partido, que queria o José Serra como candidato à sucessão dele. O Serra tinha tudo para ser eleito. Tinha sido um bom Ministro, principalmente feito um bom trabalho no Ministério da Saúde e tinha potencial enorme para vencer as eleições. O Sr. Fernando Henrique, ficou “amuado”, por não ter convencido o partido de indicar o Mário Covas – que infelizmente faleceu em março de 2001 – resolveu que, como Presidente, não deveria apoiar um membro do seu partido! Ficou neutro... Deu no que deu.
            Será que hoje, vendo como o Lula escolheu seu “poste” e o elegeu e reelegeu, ele não se arrepende do que fez? Acredito que não, pois, não me esqueço da “cara de felicidade” dele, passando a faixa presidencial ao Lula, lembram-se? Depois ficou mais duas eleições sem liderar o partido, pelo menos visivelmente. E, de novo, seu partido perdeu para o Lula, com Alckmin em 2006, e para a Dilma em 2010. Em 2014, até que tentou ajudar, mas já não é mais líder e se amedrontou tanto com os ataques do PT, sobre seus mandatos, que sumiu na boca do povo. Ele comete algumas incoerências que são lamentáveis. Recentemente ele deu uma entrevista a uma Revista Alemã – Capital – e defendeu ardorosamente a “honestidade de Dilma” e ainda disse que “seria ir longe demais colocar Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia, pois trata-se de uma figura pública”.  
            Curioso esse Sr. Cardoso, ou talvez, esquecido. Será que ele se lembra quando em fevereiro deste ano, a Sra. Dilma disse ao Brasil que, “se os escândalos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante a gestão de FHC, alguns dos funcionários corruptos não estariam mais praticando atos ilícitos”, o ex-presidente rebateu, emitindo uma nota: “A Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor".
            Dá para entender uma liderança como esta?

Nota: Este texto foi escrito no dia 16 de agosto, à noite. Como sempre, gosto de fazer a revisão um ou dois dias depois, onde normalmente corrijo, acrescento, e retiro algumas coisas, que no dia que se escreve, não são observados. Na segunda, dia 17, li, nos jornais, algumas notas a respeito de declarações do Sr. FHC e achei que não devia publicar, mas hoje, quando ia apagar, achei que não tem nada de errado, mesmo com uma pequena mudança de atitude dele. Então vai...

6 comentários:

  1. Obrigada por compartilhar o texto. Muito bom! ;0)

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    1. Não consegui identificar com exatidão o comentarista, mas pelos meus arquivos deve ser a minha amiga Erika. Muito obrigado!

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  2. Recebido por e-mail: Oi Nicanor, Realmente a falta de liderança faz e fará sempre a diferença em qq lugar no trabalho, na escola, na política , na religião,etc..
    As vezes as pessoas com mais instrução ( FHC) preferem deixar o barco partir sem a liderança rsrsrsrsr no nosso caso ele deixou um pais naufragar lentamente..... Abs Sofia

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    1. Pois é Sofia, sorte sua que conseguiu se mudar antes do barco afundar completamente e nem tão lentamente assim, pois afinal são apenas 13 anos, que para a história de um país não é quase nada...

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  3. É isso, Freitas. O problema maior não é a ousadia do PT,e sim a falta de coragem e grandeza aos líderes da oposição. Todos carregam seus objetivos individuais, e não um comum; Terminam por dispersar-se cada um com a sua bandeira, e se enfraquecem todos. É tudo o que o PT quer, e aposta nisso todas as suas fichas! Você fez bem em postar a sua matéria, pois é absolutamente pertinente. Abraços - JCN

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    1. Zé Carlos, infelizmente é isto mesmo! Não temos uma oposição "política", pois não existe oposição sem um Líder, e, este está nos faltando. Como você disse cada um pensa somente em si e nos seus interesses...

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Nicanor de Freitas Filho