terça-feira, 29 de setembro de 2015

Capitalismo e Domocracia

"A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram."
Adam Smith
Capitalismo exige democracia, ética, moral e verdade!
Nicanor de Freitas Filho

            Como sabem, sou Economista e muito me orgulho, por ter aprendido o que é o mundo de verdade, estudando Economia. Quando entrei na Faculdade de Economia São Luis, em 1965, logo após a “Revolução” ou Golpe de 1964 eu entendia perfeitamente que o objetivo do Governo Jango, que se deu em decorrência da renúncia de Jânio Quadros em 1961, era implantar o Comunismo no Brasil, como o fora em Cuba na famosa Revolução Popular de Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos em 1959, que surpreendeu a todos, pois não se esperava a implantação do Comunismo Soviético como o foi. Foi uma virada espetacular de Fidel, que privatizou os Bancos e as Indústrias – mormente as americanas – e se aliou aos soviéticos, permitindo a instalação de mísseis no território cubano, na porta da cozinha dos Estados Unidos.
            Em 1963 eu estudava na Escola Agrotécnica de Pinhal, e incentivados pelos movimentos “revolucionários” que afligiam o Brasil, fomos instados a fazer uma greve, que durou de 27 de março de 1963 até 18 de agosto de 1963. Perdi um ano na minha vida por causa desta greve e até hoje, não sei bem porque a greve foi feita. Entrei e fiz parte, entendendo que estávamos lutando por melhores condições para estudar, melhores currículos, afinal melhoria na Educação. Mas não foi bem isto o que ocorreu. Descambou-se para “fora Inspetor”, “fora Diretoria” etc., sem clareza de objetivos, pelo menos na minha humilde opinião.
            Cheguei a São Paulo com a cabeça meio que dividida, pois era muito pobre, fui morar numa pensão no Butantã, onde convivia com pessoas trabalhadoras e humildes, que passavam dificuldades. Então eu achava que tinha que ser feita alguma coisa, pois desde a renúncia de Jânio, tudo no Brasil parecia muito difícil e duvidoso. Ninguém acreditava em ninguém! Todos criticavam a todos! Lembro-me que nas vésperas de vir para São Paulo, o Jango passou o salário mínimo de Cr$ 21.000,00 para Cr$ 42.000,00. Eu achei muito bom, pois sabia que iria ganhar o salário mínimo ou pouco mais. Gostei da atitude dele, pois me beneficiava. Mas quase todas as outras medidas que ele tomava eu não entendia o porquê. Nem fazia ideia que os Cr$ 42.000,00 não dariam para quase nada.
            Na Faculdade, pela minha timidez e concordância, com quase tudo, sempre era assediado por pessoas de esquerda e de direita, convidado a participar de “reuniões” e outros eventos. A primeira que aceitei foi na TFP, sociedade de ultra direita, e embora tenha sido muito bem tratado e instruído, não gostei muito não. Depois de algum tempo, nosso colega Cosmo, que se tornou presidente do nosso Diretório Acadêmico, me levou para algumas reuniões, principalmente no prédio da Faculdade de Filosofia da USP, que ficava na Rua Dr. Vila Nova. Eu não tenho certeza absoluta, mas acredito que assisti a uma palestra de José Serra, então presidente da UNE e uma de José Dirceu, que também viria ser presidente da UNE. Fiquei muito assustado, pois embora me parecessem lógicos, os argumentos, sempre falavam em “luta armada”. “pegar em armas”... Aquilo me assustava um pouco.
            Depois de ter escutado muito, eu achava que o comunismo não era bom e que o Golpe de 1964 iria resolver os problemas do Brasil, pois afinal estavam “limpando” o país daquela bagunça que o Jango, Brizola, Arraes, Francisco Julião, Riani e tantos outros comunistas tinham nos metido. Mas no meio estudantil continuava a ser “elevado” o conceito de comunismo, pois a União Soviética vinha “batendo” nos Estados Unidos e parecia que seria mesmo uma unanimidade mundial. Além disso, os Generais brasileiros, depois de Castelo Branco, não agiam com a mesma clareza. A decretação do AI-5 mexeu muito conosco, os estudantes. Era uma vida difícil. Se por um lado os Generais se tornavam cada dia mais ditadores, com o que eu não concordava, os comunistas se tornavam mais violentos, e, começaram a matar empresários e assaltar bancos e fazer atentados violentíssimos, que também não podia aceitar. Aí apareceram Marighela e Lamarca, que além de cruéis, eram muito bem treinados para a guerrilha urbana.
            Quem não viveu nessa época, nunca vai entender o que era a tal da “Guerra Fria”, entre Comunismo e Capitalismo, bem representados por União Soviética e Estados Unidos, respectivamente. Cada um mais armado que o outro e o Comunismo se expandindo com muita rapidez. Eu, na verdade, nunca cheguei a tomar uma posição certa e líquida sobre o problema político. Eu trabalhava e estudava e cumpria todos os meus deveres, como minha Mãe havia me ensinado.
            Em 1968, o país pegando fogo, por causa dos atentados terroristas e prisões que se davam cotidianamente, comecei a ter aulas de Economia Política, com o Professor José Paschoal Rossetti, um grande Economista, conhecedor da História do Pensamento Econômico e de excelente didática. Pra começar, ele geralmente dava suas aulas, sentado sobre a mesa – acho que era para ficar mais visível – e escrevia muito pouco, o que era comum naquela época. Naquele dia ele entrou de jaleco branco, como sempre, sentou-se na mesa – não é à mesa, mas em cima da mesa – e começou a falar de “comunismo”, mostrando todas as vantagens do sistema econômico comunista, centralizado de “administrar” uma nação. Como tudo era quase perfeito no comunismo e seria realmente o sistema política do futuro. Ele falava com tanta ênfase e dando tanta importância ao comunismo, principalmente comparando com o capitalismo. Lembro-me quando ele mostrou que, por exemplo, os preços no sistema comunista era o que o “povo” podia pagar, enquanto no capitalismo era o mercado – isto é, a oferta e a procura – que definiam os preços. No comunismo os bens eram de todos, enquanto no capitalismo os mais ricos sempre podiam ter mais. No comunismo as indústrias e empresas em geral eram escolhidas pela importância para o povo, enquanto no capitalismo havia liberdade para empreender, e, o empreendedor só pensa no lucro. É muito mais fácil criar Leis que beneficiem os mais pobres no comunismo do que no capitalismo, que geralmente está ligado à democracia, onde tudo é mais difícil de votar e estabelecer. Portanto, desde a Segunda Guerra, o mundo estava se transformando no mundo comunista, perfeito de Marx. Curioso é que quando ele falava do comunismo levantava a mão esquerda e quando falava do capitalismo levantava a mão direita.
            Quando já estávamos convencidos de que o comunismo era mesmo melhor que o capitalismo, que o mundo seria mesmo comunista, ele levantou a mão direita, com muita ênfase e disse num tom triunfal: “Eis que surge Keynes”. Nós, alunos, levantamos e aplaudimos! Daí para frente mudou tudo! Começou a mostrar que, a liberdade de empreender, a liberdade de mercado, a discussão das Leis e sua devida observância, o direito à propriedade não tinha nada de errado. Errado mesmo era impor tudo o que o comunismo fazia e começou a mostrar o que o grande Economista John Maynard Keynes apresentou para “consertar” o mundo econômico, depois da Segunda Guerra. Não vou aqui descrever toda a teoria de Keynes, mas posso indicar livros excelentes a quem quiser compreender um pouco da História do Pensamento Econômico: “A Imaginação Econômica” de Sylvia Nasar ou ainda “Capitalismo: modo de usar” de Fábio Giambiagi.
            A partir dessa aula do Professor Rossetti, eu passei a ser “capitalista”, não só pelas suas propostas como principalmente, aprendi com Sir Winston Churchill: “a democracia é a pior forma de governo imaginável, excetuando-se as demais. Da mesma forma, considero o capitalismo o pior sistema econômico imaginável, excetuando-se todos os outros já experimentados.” Ou com o Dr. Roberto Campos: O Comunismo é bom para sair da miséria, mas incompetente para nos levar à riqueza”(1985), ou então a que é bem atual: “A verdade é que o socialismo é mais eficaz como doutrina política de captura e manutenção de poder do que como técnica de desenvolvimento equilibrado” (1973).
            Hoje, acompanhando o governo do PT com seu sistema econômico que chamam de “nova matriz”, que ainda não descobri o que é, mas sei que é contra a democracia, o “capitalismo”, a “burguesia”, os “reacionários”, os “eles”, que somos nós que produzimos, geramos riquezas, cumprimos as Leis, pagamos impostos, temos ética e moral e pensamos no Brasil, concluí que na verdade “nova matriz” deve ser a aplicação, na íntegra, do comunismo Gramscista, imoral, mentiroso e sem ética!

5 comentários:

  1. Parabéns pela excelente explanação mesclada com uma exemplo de vida.

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    1. Muito obrigado! Se possível volte aqui e se identifique, pois sinceramente, não descobri que é, e, gostaria de saber...

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  2. Nicanor, em 1980 estava entrando na Faculdade de Engenharia em Itajubá e vi a volta dos exilados companheiros: Zé Dirceu, Arraes, Brizola etc"...anistiados! Nas palavras deles, progressistas. E voltaram com a corda toda : abaixo os militares, greves, pixações, no autêntico modelo da revolução proletária...Cubanos revividos. Após ganharem sucessivas eleições, fazendo o diabo e com muita corrupção: mensalão, petróleo, e tantos outros, estão entregando a conta: uma economia em recessão, desequilíbrio fiscal, alta da inflação, desemprego, violência desenfreada! Basta desta turminha!!!!

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    1. Caro Antonio, eu também me lembro da volta deles todos, aliás, lembro-me da ida também, quando sequestraram o embaixador que foi trocado por aquele bando, que hoje "manda" no Brasil... Infelizmente os militares, ou melhor os generais, demoraram demais para fazer a abertura e quando o fizeram erraram na forma, deixando tudo isto acontecer. Infelizmente vamos ter que esperar ainda algum tempo para nos livrarmos dessa súcia.

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  3. Recebido por e-mail:
    Boa noite Nicanor,
    Tudo bem com você? Por aqui tudo bem felizmente. Acabo de ler seu blog
    e gostei muito. As realidades estão aí para nos assustar a cada dia
    que passa. Há que haver uma saída para esta crise "matricial" sem
    precedentes em nossa história. Repassarei seu blog para os meus
    colegas aqui de Curitiba. Parabéns pelo texto.
    Um abraço,
    Sylvio Péllico Netto

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Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho