terça-feira, 30 de maio de 2017

La Violetera

"O difícil, vocês sabem, não é fácil..." Vicente Matheus

Nicanor de Freitas Filho

            Cansei de tentar acompanhar a política, pois não sou político, não sou jornalista, só gosto mesmo é de contar causos... Assim vou voltar ao meu modo de escrever simples e meio caipira, reconheço! Vou novamente lembrar dos “momentos marcantes”, com ensinou F. Veríssimo.
            Na minha infância, digamos até os meus doze anos – e mesmo mais tarde, quando eu estava de férias em Araxá –  ia sempre ao cinema, pois entrava com meu tio João Rosa, depois com o primo Maurício e mais tarde com meu irmão Alcino, todos operadores do Cine Brasil. Mas eu os ajudava. Aprendi rebobinar os filmes e era o que eu fazia. Mas tinha direito de entrar junto com eles e, obviamente sem pagar, pois não tinha outra forma de ir ao cinema. Era uma pobreza só!
            Lógico, que o que mais gostava, era ir às matinês, Tarzan, Flash Gordon, Hopalong Cassidy, Batman, Genny Autri, Fantasma e muitos outros seriados famosos. Mas os dois filmes que mais assisti, pelo menos uma dúzia de vezes cada um, foram “La Violetera” e “Trapézio”. Nestes dois filmes, eu, criança de 12 anos, me “apaixonei” pelas atrizes Sarita Montiel e Gina Lolobrigida, respectivamente atrizes de La Violetera e Trapézio. Como sempre gostei muito de músicas, também sou apaixonado, pelo bolero La Violetera e pela valsa Danúbio Azul, trilhas sonoras dos respectivos filmes.
            Isto posto, vou agora para os anos 80, quando eu era sócio do Clube Espéria, e pelas mãos do meu amigo Perez, tornei-me membro do Conselho Deliberativo e depois, quando ele foi eleito Vice-Presidente Social, convidou-me a fazer parte da Diretoria Social, cargo que exerci por quase dois anos, não completando o mandato por ter mudado para Cuiabá em abril de 1987.
            Nesse período, embora eu tenha ficado muito ligado às concessões de serviços, ajudava em tudo que podia. Foram promovidos muitos shows e bailes naquela oportunidade e eu procurava colaborar sempre. Dentre os que mais me lembro de ter participado muito, foram das apresentações do Belchior e o da Sarita Montiel. Esta, seguida de um baile, depois do show – e que show!
            Como diretor, tinha direito a escolher a mesa, bem na frente, e à beira da pista. Como a mesa era para quatro pessoas, convidei minha prima e comadre Márcia e seu marido Jaime. Como eu queria ver o show, pois era “apaixonado” pela Sarita Montiel e não sabia se teria outra chance de vê-la – como realmente não tive – digamos assim, “sacaneei” meus convidados, ficando minha mulher e eu de frente para o palco e meus convidados, assim meio de costas. Eu tinha levado o LP La Violetera, para tentar pegar o autógrafo dela – o que não me foi possível – mas era minha intenção fazê-lo.
            Como tinha outras obrigações a cumprir como Diretor Social, não pude acompanhar a chegada dela ao Clube, mas o LP estava guardado lá na sala da Diretoria e assim que fosse possível, correria lá para pegá-lo e conseguir o autógrafo. Eu tinha todo um plano muito secreto, pois achava que minha mulher poderia ter ciúmes, embora ela nunca tivesse demonstrado isso. Sempre falei na Sarita Montiel.
            Na hora do show, quando a Sarita subiu ao palco, todos os que estavam de costas para ela, puxaram as cadeiras para o lado, pois o salão era grande, para ficarem de frente e poderem assistir como nós, que já estávamos de frente para o palco. O meu amigo Jaime puxou a cadeira para o meu lado, ficando na beirada da pista. Sarita Montiel, realmente deu um show que nunca vou esquecer, não só pela linda voz, pelas belas canções que cantou, como pela simpatia e delicadeza dela com a plateia. Dentre as canções lembro-me de “La rosa de Madrid”, “Flor de te”, “Gitana”, “Mimosa”  “Tu ojitos negros” e muitas outras...
            Enquanto eu me extasiava, assistindo ao vivo, minha Diva cantar todas essas músicas que eu tanto conheço e gosto de ouvir, eis que ela desce do palco, com o microfone na mão, e vem cantando “La Violetera”, passeando pela pista do salão de baile. Parava em algumas mesas e fazia um carinho, num espectador , homem ou mulher. Assim, foi passeando pelo salão, até que se aproximou de nossa mesa, e num ato espontâneo ela sentou-se nos joelhos do meu amigo Jaime, segurando em seu ombro...Na hora me bateu a pergunta: Porque eu não fiquei sentado ali?” Será que ela não sabia que eu é que era Diretor Social do Clube? Porque se sentou nos joelhos do meu amigo e não nos meus?
            Pois é, nem ela veio sentar nos meus joelhos, nem eu tive coragem de qualquer reação...Ficou só a lembrança desse momento marcante!
            Quem quiser lembrar se da música clique no link: https://youtu.be/CvEewM1I7JM 

Nomeação de Diretor


LP sem autógrafo





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Nicanor de Freitas Filho