Nicanor de Freitas Filho
Assisti a uma entrevista na TV – não me lembro mais qual o canal – cujo entrevistado era o publicitário Alex Perissinotto. Quem não o conhece, trata-se de uma figura espirituosa, de extrema simpatia, um humor muito acima do normal, e, acima de tudo muito inteligente.
Como publicitário tinha muitas reuniões nas sedes dos clientes. Um desses clientes era o famoso Mappin – maior e mais famosa loja de departamentos que existia em São Paulo – que vendia de tudo.
Numa dessas reuniões, no Mappin, estava presente também a sua secretária. Ao saírem da reunião, estava chovendo, e ele se viu obrigado a oferecer “carona” à secretária. Lá se foram os dois, se não me engano, num Chevi-II, carro GM importado, daqueles de câmbio no volante, e com um banco único na frente, geralmente de couro. Ocorre que o vidro da direita (do “carona”), estava com defeito e não subia completamente, ficando uma boa fresta, por onde entrava um pouco de água da chuva. Assim, para não se molhar, a sua secretária teve que chegar mais para esquerda, ou seja, mais para perto dele. Centro de São Paulo, com chuva, o trânsito estava “aquela beleza”, tudo quase parado. Como todas as ruas eram de mão-dupla, naquela época, os carros passavam um ao lado do outro, em sentido inverso. Ah! Naquele tempo também não tinha vidros fumê. Via-se tudo dentro dos carros. Ao passar, bem devagar por um carro, notou que seu cunhado era o motorista e até fez sinal para ele, para deixar claro que o viu. Pior, estava com um amigo.Segundo ele contou, seu cunhado adorava uma fofoca, principalmente se fosse para falar do Alex. Adorava colocá-lo de saia justa, perante a irmã.
Bem, enquanto ele levava a secretária, já estava visualizando como seria o almoço, no domingo, na casa da sogra. O tal cunhado iria fazer a maior fofoca, ainda mais que tinha até testemunha – o amigo, que estava no carro. Então começou a maquinar, como iria sair desta.
Deixou a secretária em casa e, em vez de ir para sua casa, voltou ao Mappin. Disse para o Gerente que precisava de um manequim, vestido com vestido verde claro – igual ao da secretário, claro – para fazer uma foto muito especial, porque tinha bolado uma propaganda que seria legal. Logicamente o Gerente o atendeu. Mandou preparar um manequim como ele havia pedido.
Colocaram o manequim no carro, no banco da frente, bem perto do motorista, aproveitou que estava no Mappin, ligou para a esposa informando que estava saindo do Mappin e rumou para casa. Lá chegando, pediu a esposa para ajudá-lo a tirar o manequim do carro, para não amassar o vestido, pois queria uma foto perfeita, no que foi prontamente atendido por ela. Até comentou que o vestido era lindo. Marcou bem o fato.
Quando no domingo, se encontraram com o irmão dela, na casa dos sogros, o cunhado foi logo “aprontando”:
- Que mulherão estava com você na quarta à tarde hem? E porque ela estava tão grudada assim em você? Era por causa da chuva?
O Alex com a maior tranqüilidade, respondeu que não esteve com nenhuma mulher na quarta-feira, pois havia estado numa reunião no Mappin, até mais tarde.
Nisso sua esposa, dirigindo ao irmão, falou:
- Puxa, como você é mesmo fofoqueiro. Na quarta-feira o Alex chegou um pouco mais tarde em casa, com um manequim, para ser fotografado, e, fui eu mesma quem o ajudou a tirá-lo do carro. Por sinal, com um vestido verde-claro muito bonito, que até pensei em ficar com ele, depois da foto.
O camarada não sabia o que fazer. Foi repreendido por todos, por aquela mania de sempre “fofocar”. O Alex só deu uma olhadinha para ele e nem ficou bravo, como de outras vezes.
Mas cunhado é cunhado e tudo voltou ao normal. Continuaram amigos, como sempre foram. Muito tempo depois dessa ocorrência, foram pescar juntos. Pegaram o barco, só os dois, e saíram. Passado um tempinho, o Alex estava assentado bem à frente, na beirada do barco, e o cunhado deitou-se. O Alex olhou duas vezes para trás e viu que ele não dormia. Apenas estava pensativo. (Na verdade, estava remoendo ainda aquela estória do manequim de vestido verde-claro).
De repente, o Alex sentiu uma pesada nas costas, e, antes de cair na água, escutou a frase:
- Manequim é a p.q.p.!!!!!
Bem, contei este “causo” para dizer uma coisa, que não saberia dizer, se não contasse o causo do Alex antes:
Morro de vontade de ir pescar com os políticos brasileiros e fazer de conta que estou dormindo (mas na verdade remoendo as falcatruas e os impostos que pago), dá uma pesada nas costas deles e dizer: - Consultoria é a p.q.p.!!!!!
Pegou em cima! É isso aí! Se conseguires ir pescar com eles, me chame que quero chutar a bunda de todos eles.
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