segunda-feira, 27 de junho de 2011

Causo 3 Alex

Nicanor de Freitas Filho

Assisti a uma entrevista na TV – não me lembro mais qual o canal – cujo entrevistado era o publicitário Alex Perissinotto. Quem não o conhece, trata-se de uma figura espirituosa, de extrema simpatia, um humor muito acima do normal, e, acima de tudo muito inteligente.
Contou ele, lá no meio da entrevista, o seguinte “causo”:

Como publicitário tinha muitas reuniões nas sedes dos clientes. Um desses clientes era o famoso Mappin – maior e mais famosa loja de departamentos que existia em São Paulo – que vendia de tudo.
Numa dessas reuniões, no Mappin, estava presente também a sua secretária. Ao saírem da reunião, estava chovendo, e ele se viu obrigado a oferecer “carona” à secretária. Lá se foram os dois, se não me engano, num Chevi-II, carro GM importado, daqueles de câmbio no volante, e com um banco único na frente, geralmente de couro. Ocorre que o vidro da direita (do “carona”), estava com defeito e não subia completamente, ficando uma boa fresta, por onde entrava um pouco de água da chuva. Assim, para não se molhar, a sua secretária teve que chegar mais para esquerda, ou seja, mais para perto dele. Centro de São Paulo, com chuva, o trânsito estava “aquela beleza”, tudo quase parado. Como todas as ruas eram de mão-dupla, naquela época, os carros passavam um ao lado do outro, em sentido inverso. Ah! Naquele tempo também não tinha vidros fumê. Via-se tudo dentro dos carros. Ao passar, bem devagar por um carro, notou que seu cunhado era o motorista e até fez sinal para ele, para deixar claro que o viu. Pior, estava com um amigo.
Segundo ele contou, seu cunhado adorava uma fofoca, principalmente se fosse para falar do Alex. Adorava colocá-lo de saia justa, perante a irmã.
Bem, enquanto ele levava a secretária, já estava visualizando como seria o almoço, no domingo, na casa da sogra. O tal cunhado iria fazer a maior fofoca, ainda mais que tinha até testemunha – o amigo, que estava no carro. Então começou a maquinar, como iria sair desta.
Deixou a secretária em casa e, em vez de ir para sua casa, voltou ao Mappin. Disse para o Gerente que precisava de um manequim, vestido com vestido verde claro – igual ao da secretário, claro – para fazer uma foto muito especial, porque tinha bolado uma propaganda que seria legal. Logicamente o Gerente o atendeu. Mandou preparar um manequim como ele havia pedido.
Colocaram o manequim no carro, no banco da frente, bem perto do motorista, aproveitou que estava no Mappin, ligou para a esposa informando que estava saindo do Mappin e rumou para casa. Lá chegando, pediu a esposa para ajudá-lo a tirar o manequim do carro, para não amassar o vestido, pois queria uma foto perfeita, no que foi prontamente atendido por ela. Até comentou que o vestido era lindo. Marcou bem o fato.
Quando no domingo, se encontraram com o irmão dela, na casa dos sogros, o cunhado foi logo “aprontando”:
- Que mulherão estava com você na quarta à tarde hem? E porque ela estava tão grudada assim em você? Era por causa da chuva?
O Alex com a maior tranqüilidade, respondeu que não esteve com nenhuma mulher na quarta-feira, pois havia estado numa reunião no Mappin, até mais tarde.
Nisso sua esposa, dirigindo ao irmão, falou:
- Puxa, como você é mesmo fofoqueiro. Na quarta-feira o Alex chegou um pouco mais tarde em casa, com um manequim, para ser fotografado, e, fui eu mesma quem o ajudou a tirá-lo do carro. Por sinal, com um vestido verde-claro muito bonito, que até pensei em ficar com ele, depois da foto.
O camarada não sabia o que fazer. Foi repreendido por todos, por aquela mania de sempre “fofocar”. O Alex só deu uma olhadinha para ele e nem ficou bravo, como de outras vezes.
Mas cunhado é cunhado e tudo voltou ao normal. Continuaram amigos, como sempre foram. Muito tempo depois dessa ocorrência, foram pescar juntos. Pegaram o barco, só os dois, e saíram. Passado um tempinho, o Alex estava assentado bem à frente, na beirada do barco, e o cunhado deitou-se. O Alex olhou duas vezes para trás e viu que ele não dormia. Apenas estava pensativo. (Na verdade, estava remoendo ainda aquela estória do manequim de vestido verde-claro).
De repente, o Alex sentiu uma pesada nas costas, e, antes de cair na água, escutou a frase:

- Manequim é a p.q.p.!!!!!

Bem, contei este “causo” para dizer uma coisa, que não saberia dizer, se não contasse o causo do Alex antes:
Morro de vontade de ir pescar com os políticos brasileiros e fazer de conta que estou dormindo (mas na verdade remoendo as falcatruas e os impostos que pago), dá uma pesada nas costas deles e dizer:
- Consultoria é a p.q.p.!!!!!

Um comentário:

  1. Pegou em cima! É isso aí! Se conseguires ir pescar com eles, me chame que quero chutar a bunda de todos eles.

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Nicanor de Freitas Filho