terça-feira, 28 de junho de 2011

Causo 6 Na ótica

Nicanor de Freitas Filho

            Em fevereiro de 1.983 eu precisei operar a vista, pois estava com catarata em ambos os olhos. Todos diziam que se tratava de uma operação muito simples (?). Naquele tempo não tinha laser, nem implante de cristalino, como hoje. O meu médico – que vou chamar de  Dr. Almeida – muito calmo, professor na Santa Casa e opera cerca de 6 a 10 pacientes por dia, portanto tem uma vivência em cirurgias acima do normal. Ele sempre me previniu que operação é operação e que minha vida mudaria, pois o operado de catarata passa a ter muitas limitações. O fato é que operei o olho direito em 25 de fevereiro, tive uma hemorragia, voltei à mesa de operação dia 17 de março e fiquei sem enxergar com o olho direito até 13 de junho, quando fiz a terceira cirurgia no olho direito. Só fui operar o esquerdo no dia 30 de novembro de 1.983.

            Em janeiro de 1.984 “ganhei” meu primeiro óculos bifocal, com 10 graus na parte de cima mais 2, na parte de baixo, para ver de perto. Como fiz e refiz muitas vezes os óculos nesse período, e, fui muito bem atendido pela Ótica que o Dr. Almeida me indicou e que ficava em frente ao consultório dele, fui lá fazer meu bifocal. Dessa vez não tive ajuda na escolha da armação, pois a ótica tinha trocado de dono e eu escolhi uma armação, que me pareceu boa e mandamos aviar.

            O antigo dono, que hoje vive em Israel, sempre aconselhava a respeito das armações, mostrando que não combinava com o rosto, que as lentes muito grossas não combinam com certas armações, que bifocal tem que ser preciso, etc.. Dessa vez, escolhi sozinho. Feitos os óculos e chegando em casa, eu não conseguia ler, porque a armação que escolhi não dava a distância focal correta  e distorcia as imagens, de perto.

            Fui à Ótica, com minha esposa, para reclamar e fui atendido por uma recepcionista muito simpática que, no entanto me avisou, que eu deveria escolher uma armação que se adaptasse com o tamanho das lentes, pois elas é que eram caras. Poucos minutos depois entrou um outro casal, que foi atendido por uma outra recepcionista e que tinha um problema similar ao meu. Só que o dele era que a armação apertava muito seu nariz, chegando a machuar.

            Parece que ele teve mais sorte do que eu e logo conseguiu outra armação, cujas lentes, aparentemente  serviam nela. Mas a recepcionista teve dúvidas e veio perguntar à que me atendia, se as lentes serviam naquela armação. Ela deu apenas uma olhada e disse:
            - Pergunte lá dentro para o Gilberto, pois é ele que é o técnico e é ele quem vai colocar.
            O cliente então disse:
            - Fale lá com o “Betinho” para ele caprichar, que é para um xará dele.
            Eu comentei com a recepcionista que me atendia:
            - Se eu depender de xará, estou “ferrado”, não vou conseguir resolver meu problema.
            A esposa do outro cliente, ouviu meu comentário e perguntou:
            - Como é o seu nome, senhor?
            Quando eu respondi:
            - Ni-ca-nor!
            Ela deu um ligeiro sorriso e confirmou:
            - Com esse nome vai ser difícil!
            - Que nada companheiro! Tenho colega com esse nome e até o pai dele também chama Nicanor. Fique tranqüilo que seu nome não é assim tão estranho (para não falar feio ou esquisito), comentou o rapaz. E virando-se para sua esposa, disse:
            - Oh bem! Eu já comentei com você sobre meu colega Nicanor, que estudou comigo em Muzambinho, não se lembra?
            Quando ele falou Muzambinho, onde estudei por 5 anos, de 1.956 a 1.960, na Escola Agrotécnica, fui logo perguntando:
            - Qual é o seu nome completo, Sr. Gilberto?
            - Gilberto Luis Merola.
            - Então é você, “seu” Marta Rocha, nº 222, de Uberlândia?
            Ambos levantamos e nos abraçamos, perante aos olhares dos presentes, que não entenderam nada. Trocamos cartões de visita e conversamos um pouco sobre a Escola, pois todos que estudaram lá, adoram a Escola e seus ex-colegas. Ele muito encabulado perguntou como eu me lembrava do seu número, pois apelido é fácil, mas o número? Então eu lembrei a ele, que no dia que chegamos à Escola, fomos pegar nossos uniformes, que ainda não estavam prontos, e o Pedro Cartucheira ia numerando com um jogo de carimbos e tinta permanente. Aí o Merola, muito metido, apanhou o carimbo nº 2 e carimbou o 222, só que, um dois para cada lado: 2 2. Tínhamos então 12 anos, ou seja, foi em 1.956.

            E eu comentei com ele:
            - Os únicos “Nicanor” que você continua conhecendo, são meu pai e eu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho