domingo, 3 de julho de 2011

Causo 7 O peixe de Cuiabá

Nicanor de Freitas Filho

            Eu fui trabalhar em Cuiabá (MT), porque antes, meus primos mudaram-se para lá. Como somos muito amigos, pois morei na casa deles quando vim para São Paulo, fui visitá-los algumas vezes. Aliás, devo muito a eles, pois me deram morada quando eu mais precisei.
            Nessas viagens fiquei conhecendo vários amigos, dentre eles, um que mais tarde me contrataria para administrar suas empresas imobiliárias, quando mudei para lá e onde vivi por dois anos.
            Ele têm 5 filhos, sendo a penúltima, que vou chamar de “Dançarina”, pois hoje é proprietária de uma Academia de Balet, lá em Cuiabá. Como todos sabem, Cuiabá é uma das cidades mais quentes do Brasil. Lá não venta! A temperatura alcança muitas vezes 40º C, ou mais, principalmente entre novembro e fevereiro. Como sabemos também, é um lugar excelente para se pescar. E o meu amigo/patrão tem uma chácara à beira do Rio Cuiabá, onde se pode pescar enormes dourados, pintados e pacús.
            Numas férias o cunhado dele, de São José do Rio Preto, foi visitá-lo em dezembro e conseguiu, num passeio à chácara, um enorme dourado, ao lado do qual se fotografou para guardar de lembrança. Mas  para os amigos de São Jose do Rio Preto acreditarem, ele resolveu congelar o dourado e comprou uma grande caixa de isopor, daquelas que tem a tampa que encaixa no recipiente e ainda sobra dos lados, para lacrar com fitas adesivas, para levá-lo e fazer um ensopado, junto com os amigos.
            Na hora de ir embora, colocou o douradão dentro do isopor, encheu de gelo, lacrou com fita adesiva, almoçou e por volta da uma hora da tarde, foi colocá-lo no carro, que era um Chevette. Fez de tudo que podia mas não conseguiu, pois o isopor era muito grande. Chamou o cunhado para ajudá-lo. Quebraram a cabeça e concluiram que no porta-malas não caberia, definitivamente. Tiveram então a idéia de retirar o banco da frente do carro e colocar o isopor no lugar do banco. Não haveria problema, pois o motorista estava apenas com a mãe. Assim o fizeram. Tiraram o banco e tentaram colocar o isopor. Mas o isopor eram muito grande e como a porta não ficava perpendicular com a coluna, atrapalhava  a entrada da caixa no carro.
            Enquanto  eles quebravam a cabeça, a “Dançarina”, que deveria ter cerca de 5 ou 6 anos, estava rodeando os dois, chupando um picolé-de-frutas, que deveria estar “geladinho”. De vez  em quando eles olhavam para o picolé, pois suavam à bicas.
            Não conseguindo colocar o isopor no lugar do banco, por causa daquela porcaria de porta que não abria mais, resolveram tirar a porta, pois assim ela não atrapalharia. Assim o fizeram. Retiraram a porta. Mas para decepção de ambos a caixa não entrou no lugar do banco. Os  dois já tinham desanimado e já estavam recolocando a porta no lugar e o tal fulano já estava conformado de não levar o peixe, pois não conseguia colocá-lo no carro, quando a “Dançarina”, que estava acabando de chupar o seu picolé, sugeriu: “- Pai, porque num tira a tampa da caixa, coloca a caixa no porta-malas e depois feche lá dentro, porque a tampa é que é grande?”
            Os dois não sabiam se batiam nela ou se agradeciam!
            Coube “facinho”...

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Nicanor de Freitas Filho