domingo, 10 de julho de 2011

Causo 10 Agrotécnica

Causo 10 Agrotécnica de Muzambinho
Nicanor de Freitas Filho
Vou contar dois causos seguidos, ambos das Escolas Agrotécnicas. Um da de Muzambinho e outro da de Pinhal, porque, como verão, ambas tem alguma relação à pontaria...

            De 1.956 a 1.960 eu estudei na Escola Agrotécnica de Muzambinho, no sul de Minas Gerais. E muito me orgulho, pois foi escola de vida para mim. Eu tinha apenas 12 anos quando fui para lá e saí de lá com 17 anos, porque por problemas políticos, acabaram com o Técnico Agrícola, naquela escola, voltando 3 anos depois.
Toda falta que se cometia era punida com “prisão” na escola, isto é, quem fosse pego fumando, por exemplo, não podia ir à cidade no final de semana. Se a falta fosse mais grave, como briga como sangramento de nariz, podeia pegar até 15 dias de “gancho”. E o pior, tinha que limpar a escola, varrer as salas de aula, dormitórios, corredores, que eram enormes, lavar os banheiros etc..
Num desses “ganchos”, que fui pego fumando, ficamos cerca de uns 8 “presos”, entre eles o Maurinho e o Waldermar, ambos de Uberaba, muito amigos, jogavam futebol  juntos, e, como todos amigos, viviam brigando, por qualquer coisa. Estávamos varrendo a área, em frente aos dormitórios, quando eles “quebraram o pau”. Sei que o Maurinho saiu correndo na frente e o Waldemar atrás, ambos com uma vassoura na mão. Entre dois dormitórios ficavam os banheiros, com portas para ambos os lados. O Maurinho corria e ia passando pelas portas e as puxava, para o Waldemar ter o trabalho de abrí-las, e, com isto ele livrava uma distância maior. Numa dessas o Maurinho puxou a porta e o Waldemar estava muito perto, não teve tempo de segurar a porta nem desviar e pegou-a na perpendicular, batendo com o peito em cheio e caindo duro para trás. Mas nem deu tempo de chegar alguém para ajudar. Ele ficou com mais raiva ainda e disparou para cima do Maurinho. Encantoou-o no dormitório, levantou a vassoura e desceu-a na perpendicular, na cabeça do Maurinho. Ele não tendo mais recurso de defesa, apenas levantou o cabo de sua vassoura, mas no sentido vertical e segurou com as duas mãos, ficando a ponta do cabo da vassoura um pouco acima de sua cabeça. Pois foi alí mesmo que o Waldemar acertou a “vassourada”, com tanta força que quebrou o cabo da vassoura dele. Todos ficamos admirados “com a pontaria” e começamos a rir, inclusive os dois contendores, e não brigaram mais.

Causo 11 Agrotécnica de Pinhal


Contando este caso do Waldemar e do Maurinho, lembrei-me do caso do Casagrande, lá na Escola Agrotécnica de Pinhal, onde estudei de 1.962 a 1.963.

            Tínhamos lá, um professor, chamado Cavagnolli, que era muito ativo. Sempre arranjava excursões, trabalhos e visitas fora da Escola. Nunca vou me esquecer o dia que nos levou para conhecer a fábrica de pinga Paineiras – a Rainha das abrideiras – que fogo! Fiquei bêbado 3 dias...

            Um dia o Cavagnolli arranjou uma excursão ao Salão do Automóvel, em São Paulo, no tempo que ainda era no Ibirapuera. Para viabilizar o passeio, ele tratou de conseguir uma vaca para matarmos e fazer sanduíches para podermos passar o dia em São Paulo, sem morrer de fome, porque dinheiro ninguém tinha mesmo, nem a Escola tinha verba para isto. Além do mais iríamos utilizar só os dois pernís para os sanduíches e o resto ficaria mesmo na Escola para as refeições cotidianas.

            Como era minha turma que iria passear, teríamos que providenciar tudo, inclusive matar a vaca. Fomos para o estábulo, laçamos a vaca que nos foi destinada, levamos para um dos boxes onde era possível abater o animal, porque tinha uma argola chumbada na parede. Puxamos a pobre da vaca até à tal argola, encurtamos o laço até que ela ficou com a cabeça para baixo e  bem junto à parede, sem ver o estava acontecendo acima dela.

Enquanto executávamos esta operação, para nós complicada, porque não tínhamos experiência, o pessoal que terminou o serviço na horta, ia subindo e passando pelo estábulo, parava para apreciar “nossa operação”. Dentre eles, estava o Casagrande, que era mais experiente que nós, porque era filho de capataz e, obviamente já tinha matado vacas antes. Ele não se contentou em somente ver, mas, como a vaca já estava totalmente imobilizada, na argola da parede, ele pulou para dentro do box. Como vinha da horta, estava com uma enxada na mão. Pos-se a dar palpites, com a enxada no chão, entre seus pés, e com o queixo apoiado no cabo que ele segurava na ponta com as mãos, para não machucar debaixo do queixo.

Nisto a operação seguia em frente. Um dos colegas da minha classe, pegou aquela faca enorme e fina e uma marretinha. Íamos matar a vaca, por quebra da medula, isto é, finca-se a faca, no que seria a nuca da vaca e bate com a marreta, para cortar de vez a medula. É morte instatânea!

Quando este colega fincou a faca e tentou dar a primeira marretada, esta resvalou e só fincou um pouco. A vaca ficou louca e deu um tranco, soltando a argola da parede e partiu para cima do Casagrande, que por puro instinto, virou a enxada na cabeça da vaca. Não é que ele acertou bem em cima da faca, que atravessou o pescoço da vaca, de tanta força que pôs. Esta amoleceu as quatro patas de uma só vez e caiu morta... Mas antes dela cair o Casagrande já tinha pulado a mureta e já tinha corrido uns cinqüenta metros...

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Nicanor de Freitas Filho