quinta-feira, 21 de julho de 2011

Causo 17 A Cuiabaninha

Nicanor de Freitas Filho

            Fomos morar em Cuiabá, como já contei, e, lá fizemos muitos amigos. Conhecemos uma família, bem cuiabana, embora a mulher do nosso amigo, seja de São José do Rio Preto, mas “cuiabanou”, como eles dizem por lá.        
A filha mais nova deles, é uma menina, além de cuiabana pura, era muito chegada na avó, que conhecia tudo da cultura cuiabana. Ensinou-nos a comer banana com rapadura raspada.
Nossos amigos têm mais dois filhos, a mais velha e o menino que é o caçula.  São todos cuiabanos, isto é, nascidos em Cuiabá, pois ser cuiabano é quase que um estado de espírito. Eles têm   uma maneira muito especial de reagir às  situações. De modo geral, deixam os paulistas, que para lá vão, apavorados, pois são o que chamamos de “folgados”. Na verdade, vivem de acordo com as condições climáticas e os costumes deles. Nós é vamos para lá, aviltar a cultura deles.
         A filha mais nova, além de ser bem cuiabana, pelo que podíamos observar, não era das que mais estudavam. Tinha que ter sempre a ajuda da avó, muito severa e caprichosa, para fazer suas lições-de-casa. E mesmo assim, se a avó descuidasse um pouquinho, enquanto passava um café, a menina achava jeito de encerrar as atividades, dizendo que estava terminado.
            Num desses dias, que a avó não acompanhou até o fim os deveres dela, ela guardou tudo e foi para a escola no dia seguinte.
            Quando a professora começou a corrigir os deveres,  pegou o caderno dela, fez aquela “cara” e disse:
            – “Minha filha, você fez tudo errado. Olha que confusão você fez aqui”, disse ela mostrando os erros no caderno.
            Ela examinou a folha do caderno, fez aquela carinha de surpresa, pôs  as mãos no rosto e disse com a “cara” mais “lavada” do mundo:
            – “Oh professora, se está errado agora eu não sei, mas quando eu fiz estava tudo certinho, eu garanto.”

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Nicanor de Freitas Filho