quinta-feira, 29 de junho de 2017

Meu Curso Clássico

No dia que postei “Vestibular para Economia” recebi, por e-mail, o seguinte causo do Dr. José Geraldo Filomeno, Promotor aposentado, que tive o prazer de conhecer durante uma viagem em 2014, contando algo parecido. Aliás, nós que nascemos nos anos 40/50, praticamente passamos por tudo isto, de modo muito parecido.
            Curiosamente, vocês vão ver que nos meus causos, já contei muito sobre minha vinda para São Paulo, em março de 1964, para fazer cursinho – no caso para Agronomia – mas acabei fazendo mesmo Economia. Curiosamente, consegui tirar minha primeira Carteira Profissional no dia 19 de março de 1964, que foi o dia da maior manifestação contra o Governo de Jango Goulart, aqui em São Paulo, que chamaram de “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” e dizem que participaram cerca de um milhão de pessoas, que foram da Praça da República à Praça da Sé. No dia 31 de março houve a “revolução”, o que atrasou meu registro na Carteira Profissional, que só aconteceu com data de 1º de maio de 1964 (acreditem, o primeiro registro na minha CP é do Dia do Trabalho).
            Mas leiam o causo dele que é realmente muito curioso:

Meu Curso Clássico
José Geraldo Filomeno
            “Minha história é parecida. Como odiava matemática, recusei-me a fazer o Curso Científico lá na minha terra, Mogi Mirim. Isto porque o Colégio Estadual somente disponibilizava esse curso médio, além do Normal. Curso Normal, naquela época era praticamente destinado às moças que queriam ser Professoras.
            Meu pai, então, foi falar com o diretor que exigiu, no mínimo, 15 pretendentes para criar o Curso Clássico. Mas, além de mim, somente conseguiu mais 4 pretendentes. Resultado: fomos nós --- três rapazes e duas moças ---, estudar em Itapira, distante 16 quilômetros, mas naquela época as estradas não eram muito boas! Saíamos de madrugada (1962) num velho “carro de praça” (táxi era para cidade grande!) um Ford 1946, e voltávamos de ônibus depois das aulas, também num Colégio Público. As moças não aguentaram nem dois meses e voltaram para Mogi Mirim para o Curso Normal. Um dos meus amigos faleceu durante as férias de janeiro/fevereiro, em 1963, num acidente de carro, o outro repetiu de ano, e então fiquei sozinho para o 2º ano, viajando diariamente.
            No 3º ano, já em 1964, foi que meus pais me mandaram para S. Paulo para fazer o Cursinho Castelões também em conjunto (na R. São Bento). Nessa época fui morar no apartamento de uma tia, irmã de meu pai, professora primária, no bairro da Aclimação. No dia 31 de março, à noite, meu pai ligou mandando que eu voltasse imediatamente para Mogi Mirim, porque ele fora informado de que havia uma “revolução” em curso, e ele e minha mãe ficaram muito preocupados. Peguei o “Cometão” (linha São Paulo/Poços de Caldas) no dia seguinte, 1º de abril, aliás, véspera do meu aniversário, e no pedágio, perto de Jundiaí nosso ônibus foi parado por um destacamento do exército que pediu documentos para todos os passageiros. “Molecão” então com 16 para 17 anos, não tinha atinado com a situação, e cheguei em Mogi Mirim na hora do almoço, para alívio dos meus pais. Por “ordem” paterna, somente retornei a São Paulo 15 dias depois, quando, segundo o velho, as coisas estavam “mais calmas”.

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Nicanor de Freitas Filho