sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Causo 28 Uma em um milhão


Nicanor de Freitas Filho
Todos já sabem que trabalhei em Cuiabá por dois anos, num grupo Imobiliário. Lá chegando, fiz o curso do CRECI e fui para a luta, exatamente no período do Plano Bresser, que fechou todos os financiamentos imobiliários. Aliás, no Governo Sarney tudo que foi feito, foi mal feito, nem o Mailson da Nóbrega conseguiu ajudar. Esquece...
Na imobiliária, passei a utilizar a Parati que antes, era usada pelo Gerente de Vendas, e, com isso ele passou a ir trabalhar de moto. Quem não deve ter gostado foi o cunhado dele, que pegava carona com ele todos os dias para ir almoçar na casa da irmã. Se bem que a moto era uma Honda Fireblade 1000, ou seja, era uma MOTO. Eu, por exemplo, não gostaria de andar na garupa nem de Harley Davidson. Mas também, cunhado é cunhado, se fosse coisa boa não começaria com as letras que começa. Ah se meu cunhado ler isto – estou cometendo uma injustiça – pois gosto dele como gosto dos meus irmãos. Mas ele deve ser exceção...
Bem, o fato é que todos os dias o cunhado dele, que é advogado e trabalhava no prédio que fica a uma quadra da Imobiliária, ia chegando perto do meio-dia ele já aparecia lá no escritório, da Av. Isaac Póvoas. O Gerente de Vendas morava no Jardim das Américas e então pegava a Avenida Fernando Correa da Costa, que estava com um asfalto novinho. Note que o asfalto em Cuiabá era bastante abrasivo, ou melhor, áspero.
Nessa avenida tem, ou tinha, algumas lojas e depósitos de material de construção. Em frente um deles, tinha lá um motorista que estava sozinho, amarrando a lona no caminhão. Não sei se vocês já prestaram atenção, mas este trabalho, quando se faz sozinho, é um pouco demorado porque o motorista tem que amarrar a corda em um dos ganchos, que ficam ao nível do assoalho da carroceria, fazer um rolo com a corda e jogá-la para o outro lado do caminhão, para amarrar num dos ganchos do outro lado e repetir a operação até amarrar a corda em toda a extensão da carroceria, segurando assim a lona bem presa à carga. Esta corda, geralmente recebe um laço em cada ponta, para evitar que desfie. Na verdade dão uma laçada, que fica com um diâmetro de uns 20 a 25 cm, que é usada para prender no primeiro gancho e na outra ponta facilita a amarração final.
Então, o motorista estava lá na Avenida Fernando Correa, amarrando a lona e o Gerente de Vendas vinha com o cunhado na garupa da Honda Fireblade, imagino que a uma velocidade de cerca de 80 km/h, pela mesma avenida, que estava com pouco trânsito ou nenhum talvez, por isso podia desenvolver uma boa velocidade.
Ao passar ao lado do caminhão parado, o motorista que estava no lado do passeio, atirou por cima do caminhão, o rolo de corda para o lado da rua. Aquela laçada de 25 cm caiu exatamente sobre o espelho retrovisor da moto laçando-o. Obviamente a moto ficou amarrada e presa e os dois continuaram na mesma velocidade, só que de repente não estavam montados em nada, ou seja, foram ralando no asfalto por cerca de 10 ou 12 metros. Vocês já viram os pilotos de moto de corrida quando caem saem escorregando por 40 ou 50 m.? Pois é! Só que nossos amigos não estavam com aquelas roupas especiais, ou seja, foram ralando a pele e parte da carne mesmo.
O cunhado, até por instinto, se agarrou mais ainda no Gerente, que ficou por baixo. Imediatamente fomos informados, no escritório e corremos para o hospital para onde tinham sido levados. Chegando lá vimos um quadro assustador. Ele tinha esfolado todo o lado esquerdo: ombro, braços, bacia, coxa e tornozelo. Tinha lugar que aparecia o osso. Os médicos estavam lá fazendo os curativos e exames e tivemos que sair da sala de atendimento. Ao sair, encontramos com o cunhado, com apensas um curativo na mão esquerda. Levantou os três dedos enfaixados e disse:
“ – Pô caramba, ao segurar no meu cunhado, minha mão esquerda ficou por baixo, veja como ficaram meus três dedos (mínimo, anelar e médio). Ralaram tudo!
Cunhado é cunhado!

P. S.: Segundo um Estatístico, a chance do caso se repetir deve ser perto de 1 em 1 milhão...

Um comentário:

  1. Esse estatístico aí não tá com nada! Como ele fez este cálculo?
    Agora contar uma mentira como esta é que deve ser uma em um milhão...kkkkk
    Epaminondas

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho