sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Causo 26 Trampolim-Maquete

Nicanor de Freitas Filho

Já contei aqui um “causo” engraçado com o meu primo, que chamei de Jô, para não citar nomes reais. Ele é filho de um Tio que, acredito ser uma das pessoas mais sérias, corretas e também das mais criativas que conheci. Mas era “bravo”! E como era bravo! E também muito inteligente, adorava as charadas. Se quisesse estar bem com ele, fazia-lhe uma charada, de preferência das que exigem raciocínio,  bem difíceis de resolver. Ele gostava de “quebrar a cabeça” com elas. Muito caprichoso em tudo que fazia, ele era funcionário da Prefeitura, responsável por todo o sistema elétrico de Araxá. Ele queria fazer uma apresentação para o Prefeito e outras autoridades, então construiu uma espécie de maquete, em  cima da mesa de jantar da casa dele, que era muito grande – pois até jogávamos ping-pong sobre ela – fazendo os acidentes geográficos e relevos de barro; os postes eram palitos de fósforo; a fiação era de linha de costura. Ele fez aquilo com o maior capricho, aliás como sempre fazia tudo. Estava quase tudo pronto, secando, na sala.
Acontece que nesta época, foi inaugurado o trampolim da piscina do ATC – Araxá Tênis Clube – e foi uma febre, a molecada toda querendo saltar do novo trampolim, inclusive o Jô. Era aquela briga para ver quem ia pular. Fazia fila na escada para subir e em cima da plataforma do trampolim. Aqueles que conseguiam pular, queriam se mostrar e ficavam demorando para sair de baixo, e, os que estavam na plataforma, ficavam gritando e fazendo gestos com os braços, para os de baixo saírem, pois os que estavam prontos para pular, ficavam com receio de cair sobre os que lá estavam.
O Jô era sonâmbulo e às vezes levantava à noite e fazia algumas coisas engraçadas e outras nem tão engraçadas assim. Os irmãos diziam que não podia acordá-lo assim de qualquer jeito, porque era perigoso qualquer sonâmbulo ser acordado com susto.
O fato é que, numa noite, depois de um agitado dia na piscina do ATC, o Jô teve uma dessas de sonâmbulo, devia estar sonhando com o novo trampolim, saiu do quarto, subiu sobre a mesa-maquete e acordou a todos gritando:
“ – Sai, sai, que agora é minha vez!!!!”  Movimentando os braços e quebrando todo o trabalho do meu Tio, que segundo eu sei, apesar da braveza, não deu a esperada surra no Jô, pois teria entendido que ele não tinha culpa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho