Nicanor de Freitas Filho
Em 1958, eu era interno na Escola Agrotécnica de
Muzambinho, aliás, época de inesquecíveis passagens da minha vida, onde aprendi
muito na escola da vida. E morria de “inveja” dos meus irmãos e amigos por
estarem em Araxá, entre abril e maio daquele ano, porque a Seleção Brasileira
de Futebol, que tinha como convocado o nosso saudoso conterrâneo Formiga, ficou
em treinamento cerca de 30 dias em Araxá.
Recebia
cartas, do meu irmão mais velho, informando que os treinos eram ótimos de se
assistir, pois o Estádio Fausto Alvim em Araxá, como quase todos do interior
brasileiro, não tem túnel para ir dos vestiários ao gramado. Assim, os
jogadores saíam dos vestiários e iam caminhando para o gramado, no meio dos
jovens fãs, que ficavam todos entusiasmados em conversar e tocar nos “monstros
sagrados” do futebol brasileiro. Como o Formiga só foi cortado depois desses
treinos em Araxá, por uma lesão na coxa, ele também “ajudava” a aproximação dos
torcedores aos craques.
(Lá em Araxá, os entendidos dizem
que ele foi cortado, porque num dos últimos treinos, no Estádio Fausto Alvim, o
então prefeito de Araxá, segurou-o durante a seção de aquecimento, para tirar
fotos com ele e “aparecer” e o Formiga acabou não fazendo corretamente o
aquecimento e iniciou o treinamento “frio” e teve a distensão muscular, que lhe
custou o corte da Seleção; porque naquela época ele era mesmo, muito melhor que
o Orlando, que foi o titular. Não sei se é verdade ou se é desculpa para
justificar o corte. É o que dizem!)
É
claro que os garotos discutiam sempre, quem seriam os “cortados” – porque
ficaram lá em treinamento, cerca de 40 jogadores – quem seriam os titulares e
assim por diante. Lá em Araxá tinha um time “infanto-juvenil” chamado
Najá-Mirim, que tinha garotos bons de bola, onde jogava meu irmão mais velho.
Alguns eram bem “metidos” e se “achavam”!
Era o caso de um dos mais velhos da turminha do Najá-Mirim.
Num
dos últimos treinos, quando a garotada já estava “íntima” dos craques, esse
nosso amigo, segundo me contaram, na hora que os craques saíram do vestiário e
se encaminhavam para o gramado, aproximou-se do Gilmar dos Santos Neves,
puxou-o pela camisa e teria dito: “- Deixe-me cobrar um pênalti em você,
que apostei com meus amigos que faço o gol?” O
Gilmar, muito educado e esperto, teria respondido a ele: “ – Você é
muito jovem ainda, quem sabe você terá outra oportunidade, mas não vai ser hoje
não!”
Passados
exatos 40 anos, em 1998, eu era Gerente Comercial da OESP Gráfica e imprimimos
um livro para Editora Rideel, chamado “Futebol que Lava a Alma”, do jornalista
Miguel Arcanjo Terra, cujo lançamento foi feito num Centro Comercial na Zona
Norte de São Paulo, mais especificamente, num bar que fica no Centro Comercial.
Fui convidado para o lançamento e saindo de Alphaville, onde ficava a Gráfica,
fui direto para o Bar, chegando lá um pouco antes da hora dos autógrafos. Ao
entrar no Bar – local do lançamento do livro – dou de cara com Gilmar dos
Santos Neves conversando com o Milton Neves, numa das mesas. Ambos, também
convidados do Miguel Arcanjo. Não perdi a oportunidade, após me apresentar,
esclarecer que estudei em Muzambinho, contei a história para o Gilmar, do amigo
que queria cobrar um pênalti nele, e, disse que não poderia perder a
oportunidade de pegar seu autógrafo, para compensar a vontade que passei,
estando longe, não poder ver os craques treinando em Araxá. Ele gentilmente me
concedeu o autógrafo e comentou: “- Como fui ruim com seu colega! Não
custava nada ter brincado com ele, embora a Comissão Técnica fosse muito
rigorosa, quem sabe ele teria sido incentivado e pudesse progredir mais no
esporte.” E então eu brinquei, dizendo que hoje
ele seria famoso, por ter feito ou perdido o gol no Bi-Campeão Mundial de
Futebol.
Quanto
ao Milton Neves, quando ele viu que estudamos na mesma época, ele no Ginásio e
eu na Escola Agrotécnica, me perguntou pelo Cuiabano, nosso colega na
Agrotécnica, goleiro titular durante o tempo que lá estudou. Disse que não
sabia dele, mas que o nosso colega Montipó, com certeza saberia, pois mantinha
um cadastro atualizado de todos os ex-alunos da Escola. Falei com o Montipó,
que, juntamente com o Falcucci, trataram de convidar o Cuiabano para ir a
Muzambinho e, não é que se encontraram?
(Se voce quiser saber a historia do Cuiabano é só
acessar www.miltonneves.com.br ir na janela "que fim levou" entrar
na letra C ir direto na ultima página. Veja as fotos do encontro).
Epoca boa , estava eu preste a entrar , tb , p a Agrotecnica de " PINHAL" aonde passei 7 anos. Nosso querido Gilmar , que DEUS o tenha em bom lugar, faz sentir o tempo que os jogadores amavam o football, epoca inesquecivel , , Na minha opinião , Gilmar agiu bem em nao aceitar o convite do desafiante , não quero expor minha opinião aqui, mas a do Nicanor em reconhecer o bem que a Agrotecnica nos fez , achei mais importante estar ele sentindo o bem , ausente fisicamente dos treinos mas curtindo via carta do irmão , o que deveria estar acontecendo de bom nos treinos " dos monstros " do football.
ResponderExcluirRealmente tempos muito bons para nós, que aprendemos quase tudo sobre a vida, nas nossas Agrotécnicas... Um abraço Carioca!
ExcluirFreitas
ResponderExcluirQue bom trazer essa história com os Neves, Gilmar e Milton; um, símbolo de elegância e gentleman do futebol; outro, debochado e marketeiro. Faltou outro Neves que conheces bem: sim, ...o Tancredo, claro! Quem você pensou que fosse? Um abraço. J.Carlos
Ah! Bom! Você estava se referindo ao Tancredo, mas achei que se referia a outro Neves...que ambos devemos a ele ter passado pelo Comércio Exterior... Mas está bem fiquemos com o Tancredo em vez do Zéca...
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