sábado, 11 de janeiro de 2014

Causo 88 Gilmar dos Santos Neves


Nicanor de Freitas Filho
            Em 1958, eu era interno na Escola Agrotécnica de Muzambinho, aliás, época de inesquecíveis passagens da minha vida, onde aprendi muito na escola da vida. E morria de “inveja” dos meus irmãos e amigos por estarem em Araxá, entre abril e maio daquele ano, porque a Seleção Brasileira de Futebol, que tinha como convocado o nosso saudoso conterrâneo Formiga, ficou em treinamento cerca de 30 dias em Araxá.
Recebia cartas, do meu irmão mais velho, informando que os treinos eram ótimos de se assistir, pois o Estádio Fausto Alvim em Araxá, como quase todos do interior brasileiro, não tem túnel para ir dos vestiários ao gramado. Assim, os jogadores saíam dos vestiários e iam caminhando para o gramado, no meio dos jovens fãs, que ficavam todos entusiasmados em conversar e tocar nos “monstros sagrados” do futebol brasileiro. Como o Formiga só foi cortado depois desses treinos em Araxá, por uma lesão na coxa, ele também “ajudava” a aproximação dos torcedores aos craques.
(Lá em Araxá, os entendidos dizem que ele foi cortado, porque num dos últimos treinos, no Estádio Fausto Alvim, o então prefeito de Araxá, segurou-o durante a seção de aquecimento, para tirar fotos com ele e “aparecer” e o Formiga acabou não fazendo corretamente o aquecimento e iniciou o treinamento “frio” e teve a distensão muscular, que lhe custou o corte da Seleção; porque naquela época ele era mesmo, muito melhor que o Orlando, que foi o titular. Não sei se é verdade ou se é desculpa para justificar o corte. É o que dizem!)
É claro que os garotos discutiam sempre, quem seriam os “cortados” – porque ficaram lá em treinamento, cerca de 40 jogadores – quem seriam os titulares e assim por diante. Lá em Araxá tinha um time “infanto-juvenil” chamado Najá-Mirim, que tinha garotos bons de bola, onde jogava meu irmão mais velho. Alguns eram bem “metidos” e se “achavam”!  Era o caso de um dos mais velhos da turminha do Najá-Mirim.
Num dos últimos treinos, quando a garotada já estava “íntima” dos craques, esse nosso amigo, segundo me contaram, na hora que os craques saíram do vestiário e se encaminhavam para o gramado, aproximou-se do Gilmar dos Santos Neves, puxou-o pela camisa e teria dito: “- Deixe-me cobrar um pênalti em você, que apostei com meus amigos que faço o gol?” O Gilmar, muito educado e esperto, teria respondido a ele: “ – Você é muito jovem ainda, quem sabe você terá outra oportunidade, mas não vai ser hoje não!”
Passados exatos 40 anos, em 1998, eu era Gerente Comercial da OESP Gráfica e imprimimos um livro para Editora Rideel, chamado “Futebol que Lava a Alma”, do jornalista Miguel Arcanjo Terra, cujo lançamento foi feito num Centro Comercial na Zona Norte de São Paulo, mais especificamente, num bar que fica no Centro Comercial. Fui convidado para o lançamento e saindo de Alphaville, onde ficava a Gráfica, fui direto para o Bar, chegando lá um pouco antes da hora dos autógrafos. Ao entrar no Bar – local do lançamento do livro – dou de cara com Gilmar dos Santos Neves conversando com o Milton Neves, numa das mesas. Ambos, também convidados do Miguel Arcanjo. Não perdi a oportunidade, após me apresentar, esclarecer que estudei em Muzambinho, contei a história para o Gilmar, do amigo que queria cobrar um pênalti nele, e, disse que não poderia perder a oportunidade de pegar seu autógrafo, para compensar a vontade que passei, estando longe, não poder ver os craques treinando em Araxá. Ele gentilmente me concedeu o autógrafo e comentou: “- Como fui ruim com seu colega! Não custava nada ter brincado com ele, embora a Comissão Técnica fosse muito rigorosa, quem sabe ele teria sido incentivado e pudesse progredir mais no esporte.” E então eu brinquei, dizendo que hoje ele seria famoso, por ter feito ou perdido o gol no Bi-Campeão Mundial de Futebol.
Quanto ao Milton Neves, quando ele viu que estudamos na mesma época, ele no Ginásio e eu na Escola Agrotécnica, me perguntou pelo Cuiabano, nosso colega na Agrotécnica, goleiro titular durante o tempo que lá estudou. Disse que não sabia dele, mas que o nosso colega Montipó, com certeza saberia, pois mantinha um cadastro atualizado de todos os ex-alunos da Escola. Falei com o Montipó, que, juntamente com o Falcucci, trataram de convidar o Cuiabano para ir a Muzambinho e, não é que se encontraram?
(Se voce quiser saber a historia do Cuiabano é só acessar www.miltonneves.com.br  ir na janela "que fim levou" entrar na letra C ir direto na ultima página. Veja as fotos do encontro).

4 comentários:

  1. Epoca boa , estava eu preste a entrar , tb , p a Agrotecnica de " PINHAL" aonde passei 7 anos. Nosso querido Gilmar , que DEUS o tenha em bom lugar, faz sentir o tempo que os jogadores amavam o football, epoca inesquecivel , , Na minha opinião , Gilmar agiu bem em nao aceitar o convite do desafiante , não quero expor minha opinião aqui, mas a do Nicanor em reconhecer o bem que a Agrotecnica nos fez , achei mais importante estar ele sentindo o bem , ausente fisicamente dos treinos mas curtindo via carta do irmão , o que deveria estar acontecendo de bom nos treinos " dos monstros " do football.

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    1. Realmente tempos muito bons para nós, que aprendemos quase tudo sobre a vida, nas nossas Agrotécnicas... Um abraço Carioca!

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  2. Freitas
    Que bom trazer essa história com os Neves, Gilmar e Milton; um, símbolo de elegância e gentleman do futebol; outro, debochado e marketeiro. Faltou outro Neves que conheces bem: sim, ...o Tancredo, claro! Quem você pensou que fosse? Um abraço. J.Carlos

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    1. Ah! Bom! Você estava se referindo ao Tancredo, mas achei que se referia a outro Neves...que ambos devemos a ele ter passado pelo Comércio Exterior... Mas está bem fiquemos com o Tancredo em vez do Zéca...

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Nicanor de Freitas Filho