Nicanor de Freitas Filho
Tenho um amigo, que foi aposentado compulsoriamente da
função de Desembargador do TJ de São Paulo, por completar 70 anos. Não queria,
mas o obrigaram a parar.
Outro dia num almoço ele comentando várias passagens,
desde que passou no concurso para Juiz de Direito, e, como todos começa no
Interior do Estado, via de regra em cidades pequenas.
Contou-me que como tinha muitos processos com audiência
no mesmo dia, aproveitava cada intervalinho, por menor que fosse, para dar uma
“revisada” no processo da próxima audiência.
Num determinado dia, cheio de audiências, ouviu uma
testemunha e enquanto saía da sala, ele queria dar mais uma olhadinha no
próximo processo. Baixou a cabeça, abriu a pasta e foi direto no ponto que o
interessava. Leu um grande parágrafo, deu uma olhadinha com o rabo do olho e
viu que a testemunha ainda se encontrava no mesmo lugar. Ótimo, ele pensou,
assim tenho tempo de chegar até o final desta parte. Baixou a cabeça e
continuou lendo. Aparentemente não havia nenhum movimento na sala. Voltou a se
concentrar na leitura. Leu mais uma página e, de novo, como o rabo do olho viu
que a sala continuava do mesmo jeito. Já havia passado pelo menos uns 15
minutos. Então ele resolveu colocar a casa em ordem! Com alguma rispidez, mas
sem ser mal educado, ele olhou firmemente para a testemunha, que lá continuava,
e disse: “-Senhor Fulano, seu depoimento já terminou, queira se retirar,
para entrar a próxima testemunha, por favor.”
Meio tímido, mas também com firmeza, a testemunha
replicou: “-Doutor, eu não sou o Fulano, sou o Sicrano, irmão gêmeo do
Fulano...”
Caramba, pensou ele, tinham que usar, ambos, a mesma camiseta do MST?
Ele disse que não sabia onde enfiar a cara, pois
aconteceu por pura falta de atenção dele, e, o pior, na frente dos advogados,
que não conseguiram segurar o sorrisinho irônico...
Seu amigo ficou numa "saia justa", memorável... Abçs M. Arteira - Peruíbe
ResponderExcluirVera e Bete, saia justa, pela falta de atenção...
ExcluirAbs Freitas
Freitas
ResponderExcluirMesma cara; mesma camiseta; acho que o seu amigo caiu numa pegadinha. Como ele imaginou inicialmente, a testemunha continuava mesma! Abraço. J.Carlos
Zéca, Se fosse pegadinha ainda estava bom, o pior é que era tudo real...
Excluir